Campinas, Quarta-feira, 30 de Maio de 2001

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NO ESCURO
Concessionária diz que clientes pagarão em 2002 os prejuízos de R$ 137 milhões com racionamento de energia
Elektro vai repassar prejuízo a clientes

Ricardo Lima/Folha Imagem
Francisco Fernandes, coordenador regional de emergência para racionamento da Elektro, durante entrevista na sede da empresa


RAQUEL LIMA
DA FOLHA CAMPINAS

A concessionária de energia Elektro pretende repassar aos seus clientes a perda de R$ 130 milhões da receita e um aumento dos custos de R$ 7 milhões em razão do racionamento anunciado pelo "ministério do apagão".
A empresa informou ontem que deverá negociar o reajuste da tarifa com a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) após a contabilização final do prejuízo.
O reajuste da Elektro será discutido no próximo mês de agosto, com período de cálculo entre agosto e julho deste ano. No entanto o repasse do prejuízo será feito apenas em 2002, segundo o diretor de operações e coordenador do programa emergencial para racionamento da Elektro, Francisco Fernandes.
A concessionária é a oitava distribuidora do país em volume de energia comercializada, tem 1,6 milhão de clientes em 223 cidades no Estado de São Paulo (das quais 26 são na região de Campinas) e em 5 no Mato Grosso do Sul.
A empresa informou que vende anualmente 10,7 mil MWh.
A concessionária, com sede em Campinas, prevê uma arrecadação de R$ 6 milhões mensais com a cobrança da sobretaxa determinado pelo governo. A distribuidoras ficam com 2% do arrecadado com a sobretaxa.
"Não é suficiente para cobrir 10% dos nossos custos adicionais", declarou Fernandes.
Segundo o "ministério do apagão", os consumidores terão de economizar 20% de energia.
Pelo menos 432 mil (27%) dos clientes da Elektro se encaixam na faixa de consumo mensal entre 201 kWh e 500 kWh. Outras 59,2 mil residências (3,7%) consomem acima de 501 kWh. Esses serão os mais penalizados pelas medidas, segundo a empresa.
Quem descumprir as cotas estará sujeito a um corte de energia de três dias no primeiro mês e seis dias no caso de reincidência.
A Elektro adiantou que não tem condições de realizar o corte de todos os consumidores que ultrapassarem a meta de consumo estabelecida pelo governo.
"Vamos ter de listar esses consumidores em ordem decrescente de consumo de energia e discutir o critério de corte com a Câmara [de Gestão da Crise de Energia Elétrica]", disse o diretor de operações da Elektro.
Na semana passada, a Elektro registrou queda global de 7,5% no consumo de energia em relação à semana anterior. "Acho prematuro falar em apagão agora, mas, se a meta não for atingida, não vejo outra saída", afirmou Fernandes.
A Elektro também apresentou ontem o seu programa de racionamento de energia elétrica.
Entre as medidas, está o desligamento de 100 mil lâmpadas das 504 mil unidades instaladas nos 228 municípios.
Até anteontem, 6.500 haviam sido desligadas. "Vamos desligar todas as 100 mil [lâmpadas] até o dia 30 de junho", disse o diretor comercial José Hilário Pontes.
A concessionária prevê ainda a substituição em curto prazo de 32 mil lâmpadas de vapor de mercúrio por vapor de sódio.
A troca está orçada em R$ 2 milhões e está sendo negociada com as prefeituras, por meio de financiamento. A Elektro informou que vai distribuir 80 mil lâmpadas fluorescentes compactas à população carente.
A distribuição das metas de consumo e de dicas de economia de energia começou a ser realizada anteontem pela empresa.
O plano de racionamento da Elektro inclui ainda a premiação -com geladeiras- aos clientes que apresentarem as maiores reduções de consumo de energia.
A premiação se estende a escolas, estudantes e aos próprios funcionários da empresa.
A Elektro distribui energia para 182 empresas, que consomem mais de mil MWh.


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