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QUESTÃO AGRÁRIA
Grupo faz protesto hoje
MST expulsa 4 'espiões' de assentamento
ROGER MARZOCHI
free-lance para a Folha Campinas
Os sem-terra do assentamento
Nova Canudos, em Porto Feliz, expulsaram ontem quatro supostos
informantes do local.
Dois deles, um policial rodoviário e um sem-terra, foram mantidos como "reféns" durante uma
hora e meia, vigiados por membros do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra)
dentro de uma barraca.
Os outros dois espiões fugiram.
O MST não divulgou seus nomes.
Segundo a coordenação do MST
estadual, a descoberta ocorreu depois que um policial rodoviário
tentou se infiltrar no acampamento como um dos sem-terra.
O MST desconfiou do policial
quando ele tentava convencê-los
que deveriam aceitar sua integração no acampamento. Ele teria entrado em contradição e foi detido.
Segundo o coordenador de Nova
Canudos João Paulo Rodrigues,
um dos espiões era do P-2, o serviço de inteligência da Polícia Militar. Ele e um sem-terra, que era informante da polícia, fugiram enquanto eram procurados.
Os sem-terra chamaram a PM de
Porto Feliz para retirar o policial
rodoviário do local. O outro sem-terra foi expulso da área por decisão do MST.
Segundo Rodrigues, os sem-terra
ficaram irritados com a descoberta. "Para garantir a vida do sem-terra que era informante da polícia
decidimos afastá-lo do acampamento", disse.
O comandante da PM de Porto
Feliz, tenente Edson Luiz da Silva
Simeira, esteve no acampamento
ontem. Ele confirmou que um
sem-terra e o policial rodoviário ficaram em poder dos sem-terra,
mas não quis comentar o caso.
Presos
Segundo a delegada Nuris Goretti, de Porto Feliz, ontem foram liberados outros cinco sem-terra
presos acusados de saquear três
caminhões com alimentos, na
quinta-feira passada, na rodovia
Castelo Branco. Os sem-terra alegaram estar passando fome no assentamento, onde vivem 1.200 famílias.
Dos cinco libertados ontem, dois
estavam presos em Porto Feliz e
três mulheres em Votorantim. Anteontem, quatro haviam saído da
cadeia. O professor universitário
Marcelo Buzetto continua preso
com outros dez sem-terra.
Hoje, o MST espera que 800 sem-terra participem de uma "marcha"
de 12 quilômetros até a cadeia para
protestar contra as prisões.
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