Campinas, Segunda, 31 de maio de 1999

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

QUESTÃO AGRÁRIA
Grupo faz protesto hoje
MST expulsa 4 'espiões' de assentamento

ROGER MARZOCHI
free-lance para a Folha Campinas

Os sem-terra do assentamento Nova Canudos, em Porto Feliz, expulsaram ontem quatro supostos informantes do local.
Dois deles, um policial rodoviário e um sem-terra, foram mantidos como "reféns" durante uma hora e meia, vigiados por membros do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) dentro de uma barraca.
Os outros dois espiões fugiram. O MST não divulgou seus nomes.
Segundo a coordenação do MST estadual, a descoberta ocorreu depois que um policial rodoviário tentou se infiltrar no acampamento como um dos sem-terra.
O MST desconfiou do policial quando ele tentava convencê-los que deveriam aceitar sua integração no acampamento. Ele teria entrado em contradição e foi detido.
Segundo o coordenador de Nova Canudos João Paulo Rodrigues, um dos espiões era do P-2, o serviço de inteligência da Polícia Militar. Ele e um sem-terra, que era informante da polícia, fugiram enquanto eram procurados.
Os sem-terra chamaram a PM de Porto Feliz para retirar o policial rodoviário do local. O outro sem-terra foi expulso da área por decisão do MST.
Segundo Rodrigues, os sem-terra ficaram irritados com a descoberta. "Para garantir a vida do sem-terra que era informante da polícia decidimos afastá-lo do acampamento", disse.
O comandante da PM de Porto Feliz, tenente Edson Luiz da Silva Simeira, esteve no acampamento ontem. Ele confirmou que um sem-terra e o policial rodoviário ficaram em poder dos sem-terra, mas não quis comentar o caso.

Presos
Segundo a delegada Nuris Goretti, de Porto Feliz, ontem foram liberados outros cinco sem-terra presos acusados de saquear três caminhões com alimentos, na quinta-feira passada, na rodovia Castelo Branco. Os sem-terra alegaram estar passando fome no assentamento, onde vivem 1.200 famílias.
Dos cinco libertados ontem, dois estavam presos em Porto Feliz e três mulheres em Votorantim. Anteontem, quatro haviam saído da cadeia. O professor universitário Marcelo Buzetto continua preso com outros dez sem-terra.
Hoje, o MST espera que 800 sem-terra participem de uma "marcha" de 12 quilômetros até a cadeia para protestar contra as prisões.



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.