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Lixo que cai do céu

O que acontece (ou deveria acontecer) quando um pedaço de foguete ou de satélite despenca na Terra

Divulgação Nasa
Imagem gerada por computador mostra detritos em órbita; os pontos representam a localização dos objetos e o tamanho não está em escala
Imagem gerada por computador mostra detritos em órbita; os pontos representam a localização dos objetos e o tamanho não está em escala

GIULIANA MIRANDA
DE SÃO PAULO

O que fazer se um pedaço de lixo espacial cair no seu quintal? Moradores de Anapurus, no interior do Maranhão, fizeram-se essa pergunta há pouco mais de uma semana, quando uma esfera metálica com cerca de 30 kg despencou do céu a poucos metros de uma residência.

Um acontecimento como esse, apesar de ser bastante improvável, está previsto em convenções internacionais de aeronáutica e espaço.

"O mais correto a fazer é chamar as autoridades e isolar a área. É importante evitar que as pessoas fiquem tocando o material antes que ele seja analisado para ver se há risco, por exemplo, de ser algo tóxico ou radioativo", afirma Petrônio Noronha de Souza, chefe do Laboratório de Integrações e Testes do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).

Apesar de essa conduta ser internacionalmente divulgada e de a esfera ter caído no único Estado brasileiro que tem uma base de lançamentos de foguetes, não foi exatamente isso o que aconteceu no Maranhão.

Assustada, a população chegou a falar em invasão alienígena e até em possíveis indícios do fim do mundo.

Também não faltaram curiosos para tocar e movimentar o objeto, que virou ponto turístico para fotos e vídeo antes de ser removido pela polícia.

VAI PARA ONDE?

O destino do material recolhido foi motivo de impasse.

No fim, a esfera metálica foi recolhida pela Aeronáutica. Uma equipe do CLA (Centro de Lançamento de Alcântara) foi designada para recolher e fazer um diagnóstico preliminar do objeto.

De acordo com Noronha de Souza, pesquisador do Inpe, a confusão sobre o que fazer com o material não é exclusividade do país.

"Em nenhum lugar do mundo há uma equipe de emergência só para lixo espacial. É algo muito raro de acontecer", explica ele.

Para Thyrso Villela Neto, presidente interino da AEB (Agência Espacial Brasileira), as chances de alguém ser atingido por um pedaço de lixo espacial é tão pequena que não é necessária uma campanha de divulgação entre as autoridades responsáveis -como a polícia- sobre o que fazer nesses casos. "São eventos raros. A população pode ficar despreocupada."

Por mais improvável que seja, até reuniões da ONU já discutiram o assunto. Hoje, o consenso é que, se algo cair e danificar uma propriedade, o responsável é o país que colocou o objeto no espaço.

"É, grosso modo, o mesmo procedimento que haveria se uma casa fosse atingida por um avião. A companhia aérea teria de ser responsabilizada", afirma Villela Neto.

Ou seja, os moradores do Maranhão poderiam mandar a conta para a Europa. Centros de monitoramento indicam que um pedaço de foguete Ariane 4, usado para cargas pesadas, estava previsto para reentrar mais ou menos no mesmo horário e local do incidente no Estado.

A origem do objeto ainda não foi confirmada.

Em 2008, o Brasil devolveu aos Estados Unidos um pedaço de foguete americano que caiu em Goiás. Segundo os especialistas, será esse o provável destino da esfera.

Conheça objetos que viraram lixo espacial
folha.com/no1056660

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