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Dados de satélites rápidos estão de acordo sobre alta no desmate
EDUARDO GERAQUE
DA REPORTAGEM LOCAL
O Brasil dispõe hoje de três
sistemas de detecção via satélite para monitorar o ritmo da
devastação amazônica. Os dois
que enxergam a floresta com
mais agilidade, independentemente das margens de erro (ver
quadro à. esq.), registram uma
aceleração no desmate, tendência que é contestada pelo
ministério da Agricultura e pelo governo de Mato Grosso.
"O ponto central é que existe
um reaquecimento [do desmate]", afirma Carlos Souza Jr., da
ONG Imazon. A instituição paraense é a única no Brasil com
um sistema não-governamental, o SAD (Sistema de Alerta do
Desmatamento), para observar
o estado da floresta amazônica.
Esse projeto, porém, funciona
apenas no monitoramento de
Mato Grosso e do Pará.
Os dados processados pelo
Imazon são registrados pelo
sensor Modis, no satélite Terra,
da Nasa. O mesmo registro alimenta o Deter (Detecção de
Áreas Desflorestadas em Tempo Real), do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).
Ambos usam as mesmas imagens captadas do espaço, mas
geram produtos diferentes.
O Inpe -que usa o Deter como sistema de alerta, mas não
para obter uma medida precisa
de área desmatada- estimou
em 7.000 km2 a área alterada
na Amazônia entre agosto e dezembro de 2007.
O sistema usado para cálculo
efetivo da área desmatada é o
Prodes (Projeto de Estimativa
de Desflorestamento da Amazônia), mais lento.
"A estimativa do Deter é meramente indicativa de tendência e seu objetivo é orientar os
esforços de fiscalização do governo", disse Gilberto Câmara,
diretor do Inpe, à Folha.
Segundo ele, a extrapolação
divulgada na semana passada é
bem confiável. "Esse cálculo é
feito com base na proporção
entre os números do Prodes e
do Deter observada em anos
anteriores. Em 2006, esta proporção foi de 60% e em 2007,
de 40%. A extrapolação tem como base um histórico".
A margem de erro do Deter é
de 20%, segundo o Inpe. É o
dobro da estabelecida para o
SAD, segundo Souza Jr.
O Prodes -que usa dados
dos satélites das famílias
CBERS (do Brasil e da China) e
Landsat (da Nasa)- divulga
números só no segundo semestre, mas indica qual foi a área
florestal ceifada com apenas
4% de margem de erro.
"Existem várias questões
técnicas que podem levar ao erro. Mas tem também uma
questão quase semântica importante", afirma Souza Jr.
Segundo o pesquisador, é
fundamental informar ao modelo matemático usado no processamento das imagens o que
deve ser visto como floresta e o
que precisa ser registrado como área "degradada".
"Em Mato Grosso, às vezes,
uma área detectada pelo SAD
como degradada não virou ainda pastagem. Para nós [do Imazon] houve perda de biomassa
florestal, mas, para a secretaria
[do Estado] aquele área ainda
não é alterada", disse Souza Jr.
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