São Paulo, sexta-feira, 01 de outubro de 2004

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CLIMA

Decisão do governo é fundamental para salvar Protocolo de Kyoto; acordo ainda precisa ser ratificado no Parlamento

Rússia aprova acordo contra efeito estufa

DA REDAÇÃO

O governo da Rússia aprovou ontem o Protocolo de Kyoto, num passo crucial e longamente aguardado para colocar em vigor o tratado mundial para reduzir as emissões de gases de efeito estufa. O acordo segue para o Parlamento, dominado por partidários do presidente Vladimir Putin, para ser ratificado. Caso o seja, entra em vigor já no ano que vem.
Para que passe a vigorar, o protocolo precisa ser aprovado como lei por pelo menos 55 países, que respondam por 55% das emissões do mundo industrializado.
A Rússia, terceiro maior emissor de dióxido de carbono (CO2) do mundo, passou a ser o fiel da balança nas negociações desde 2001, quando os EUA de George W. Bush, principal nação poluidora, rejeitaram Kyoto, sob alegação de dano à economia.
"O destino do tratado depende da Rússia. Se rejeitarmos a ratificação, seremos culpados pelo seu fracasso", disse o ministro do Exterior, Yuri Fedotov.
Opositores de Putin mantêm o discurso de que o tratado será prejudicial para a economia russa e pouco eficaz na proteção do ambiente sem a adesão dos EUA.
O premiê russo, Mikhail Fradkov, disse acreditar que ocorrerá um debate acirrado no Parlamento, que deverá se reunir antes do fim do ano. A Rússia é o maior produtor mundial de petróleo, e a indústria petrolífera, potencial prejudicada pela redução do consumo mundial de combustíveis fósseis prevista pelo protocolo, deverá pressionar contra a ratificação. Se Kyoto sobreviver a mais essa, passa a vigorar 90 dias após a ratificação russa.
O principal conselheiro econômico presidencial, Andrei Illarionov, afirmou lamentar "a decisão política, que será danosa aos interesses nacionais em muitas áreas". Illarionov argumenta que o acordo irá limitar a produção industrial, o que impedirá que a meta de dobrar o PIB (Produto Interno Bruto) em dez anos, imposta por Putin, seja alcançada.
A forte pressão da União Européia foi um dos fatores decisivos para a aprovação do acordo, segundo Konstantin Kosachev, líder do comitê de relações internacionais do Parlamento. "A ratificação irá poupar de mais atritos o nosso relacionamento com a União Européia."
Em maio, Putin demonstrou interesse em apressar a ratificação do Protocolo de Kyoto em troca do apoio da União Européia para a entrada russa na Organização Mundial do Comércio.


Com agências internacionais


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