São Paulo, terça-feira, 02 de janeiro de 2007

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El Niño e efeito estufa farão 2007 o ano mais quente, diz britânico

Especialista prevê que temperaturas serão ainda mais altas que em 1998

CAHAL MIMO
DO "INDEPENDENT"

Uma combinação entre o aquecimento global e o fenômeno El Niño deve fazer deste ano o mais quente já registrado na história, com conseqüências graves para o planeta, afirmou um dos maiores climatologistas do Reino Unido.
A previsão para os próximos 12 meses é de padrões meteorológicos extremos, que poderiam trazer seca à Indonésia e deixar a Califórnia alagada.
O aviso é de Phil Jones, diretor da Unidade de Pesquisa Climática da Universidade de East Anglia, na Inglaterra, e foi uma de quatro previsões sombrias de cientistas de que 2007 será um ano crucial para determinar as respostas ao aquecimento global e seu efeito sobre a humanidade.
Jones disse que a tendência de aquecimento de longo prazo -que já foi acusada pelas secas no Chifre da África e pelo derretimento das geleiras nos pólos e em zonas montanhosas- deverá ser exacerbada pelo El Niño, nome dado ao aquecimento anormal das águas do Pacífico, que ocorre de tempos em tempos. Combinados, os dois efeitos devem fazer de 2007 um ano mais quente que 1998, até agora o mais quente já registrado desde que as medições com termômetros começaram a ser feitas, em 1850.

Fim de discussão
O alerta é ecoado por David King, conselheiro científico do premiê Tony Blair, que disse no ano passado que "acabou a discussão" sobre se o aquecimento global é real.
Em artigo na edição de ontem do "Independent", King pede que os governos ajam imediatamente contra o problema. "A ação é custeável; a inação não é", escreveu.
Os avisos dos cientistas vêm ao mesmo tempo em que a OMM (Organização Meteorológica Mundial), órgão ligado às Nações Unidas que lida com previsão de tempo e clima, lançou um alerta de que o El Niño já se estabeleceu na bacia do Pacífico tropical e deve trazer tempo extremo pelo menos nos primeiros quatro meses do ano.
O fenômeno inverte a circulação normal dos ventos sobre o oceano, trazendo chuvas torrenciais ao litoral do Peru e a costa Oeste dos EUA e secas ao Nordeste brasileiro, à Austrália e à Indonésia.
O último El Niño severo, em 1987-1988, causou 2.000 mortes e prejuízos de mais de R$ 80 bilhões no mundo inteiro.
A OMM disse que suas últimas leituras mostram um El Niño "moderado" em 2007, com temperaturas do mar 1,5 C acima do normal. No pior cenário, o fenômeno pode causar até 18 meses de padrões meteorológicos extremos.


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