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São Paulo, quarta-feira, 02 de abril de 2003

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DESASTRE

Gravador reforça hipótese de dano por espuma

Defeito na asa do Columbia surgiu antes da reentrada, afirma painel

Karl Ronstrom/Reuters-26.mar.2003
Técnicos da Nasa que atuam na reconstituição do Columbia examinam pedaço da asa esquerda


DA REDAÇÃO

Dados recém-garimpados de uma caixa de gravação que pertenceu ao ônibus espacial Columbia sugerem que o problema que levou à destruição da nave não surgiu durante a volta à Terra.
"Parece para nós que essa era uma condição preexistente", disse o almirante Harold W. Gehman Jr., líder da comissão independente de investigação do acidente. "A nave provavelmente tinha isso antes mesmo de ter começado a reentrada."
Cerca de cem engenheiros passaram o fim de semana trabalhando para extrair informações de um dos gravadores de leituras dos sensores da nave. O equipamento foi encontrado no Texas em boas condições, apesar da queda violenta ocorrida depois que a nave se desintegrou na atmosfera em 1º de fevereiro, matando os sete ocupantes, entre eles o primeiro astronauta israelense, Ilan Ramon.
Os dados até agora recuperados mostram que a asa esquerda do ônibus espacial já experimentava calor acima do esperado muito antes de a nave iniciar a fase mais crítica da reentrada na atmosfera.
Além disso, as informações sugerem que o problema começou na borda frontal da asa esquerda, afastando a hipótese de que o dano tenha sido nas tão faladas pastilhas de proteção, que ficam afixadas sob a nave.

Carbono-carbono reforçado
A frente da asa é constituída de um material chamado RCC (sigla para carbono-carbono reforçado), desenvolvido pela empresa Lockheed Martin para resistir às altas temperaturas a que são expostas as bordas das asas e o nariz da nave durante a reentrada.
Embora as pastilhas estejam se afastando da condição de suspeitas (ainda que não tenham sido totalmente descartadas), os pedaços de espuma que se desprenderam do tanque de combustível durante a última decolagem do Columbia continuam sendo fortes candidatos a agentes causadores dos danos fatais.
Mesmo que os danos não tivessem acontecido nas pastilhas, mas sim nas placas de RCC, os astronautas provavelmente não poderiam fazer nada para reparar o ônibus espacial antes da reentrada. Apesar disso, é importante determinar a causa exata do acidente para que a Nasa possa ampliar a segurança dos três ônibus espaciais remanescentes.
A frota está no momento parada, mas a agência espacial americana já cogita retomar os vôos no segundo semestre. Enquanto isso, planos de contingência foram iniciados para manter o principal projeto espacial tripulado, a ISS (Estação Espacial Internacional).
Há dois astronautas americanos e um cosmonauta russo na estação, e uma nave Soyuz deve partir no dia 26 para trocar a tripulação. Os dois novos ocupantes, um russo e um americano, ficarão a bordo para uma missão prevista para durar seis meses no espaço.
A Nasa anunciou ontem oficialmente o nome dos dois tripulantes: Edward Lu e Yuri Malenchenko. A tripulação foi reduzida para economizar suprimentos a bordo e permitir maior tempo de permanência no espaço sem reabastecimento, enquanto os ônibus espaciais não voltam à ativa.
Anteontem a Nasa também havia divulgado vários e-mails que circularam pela agência antes da perda do Columbia. Mais uma vez, mensagens de engenheiros sugerem que a agência deveria ter feito maior esforço para avaliar a extensão dos danos depois que foi constatado o impacto da espuma.

Com agências internacionais


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