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Grupo estuda primo brasileiro de agente letal
DA REPORTAGEM LOCAL
O vírus da febre do vale Rift
(RVFV) pode ter um parente
próximo no Brasil. Descoberto
na década de 70 perto da cidade de Belterra, no Pará, o chamado vírus belterra está sendo
estudado pelo mesmo grupo
que pesquisa o RVFV.
Diferentemente de seu primo
africano, o belterra não infecta
humanos. Pelo menos, não
ainda. Ele foi isolado em roedores e, ao que parece, continua
seu ciclo em animais selvagens.
Os cientistas estão terminando
de sequenciar o genoma do parasita, para descobrir quão
próximo ele está do RVFV.
"A análise sorológica (estudo
dos anticorpos encontrados no
sangue dos animais) mostrou
um grau de semelhança grande", diz Zanotto. "Mas estamos
esperando as sequências para
ter a confirmação final."
O grupo de parasitas ao qual
pertencem o RVFV e o belterra,
o dos bunyavírus, é uma autêntica família de mafiosos.
Para começar, ela é extensa.
Mais de 200 membros já foram
identificados, divididos em
quatro grandes gêneros. "E isso
é só uma fração do que ainda
existe por identificar", afirma o
pesquisador da Unifesp.
Boa parte desses vírus cumpre o seu ciclo em selvas da
África e da América do Sul, sem
causar maiores problemas.
Mas alguns deles são péssimos
elementos e dão dor de cabeça
a médicos do mundo todo.
O "capo" da família dos "bunya" -como ela foi apelidada
pelos cientistas- é o hantavírus, transmitido por ratos.
Ele causa uma síndrome pulmonar aguda que pode matar
até 50% de suas vítimas em
poucos dias. Descoberto na
Coréia, na região do rio Hantaan (daí o nome), chegou ao
Brasil em 1993.
Desde então, vem fazendo estragos. Entre maio de 1998 e
agosto de 1999, cinco casos foram sorologicamente confirmados pelo Instituto Adolfo
Lutz, em São Paulo. Três dos
pacientes morreram.
O hantavírus pode causar,
ainda, febre hemorrágica com
síndrome renal. É uma forma
de ataque mais "branda" que,
segundo os Centros para Controle de Doenças dos EUA, afeta anualmente 100 mil pessoas.
A família conta, ainda, com
pelo menos um grande vírus de
encefalite humana, o de encefalite da Califórnia, que causa inflamações no sistema nervoso .
Entre os causadores de febre
hemorrágica grave estão o
RVFV e o vírus de febre hemorrágica da Criméia-Congo,
que está sendo estudado pela
Unifesp e por um laboratório
dos EUA.
(CA)
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