São Paulo, terça-feira, 02 de outubro de 2001

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ARQUEOLOGIA

Revista científica publica evidências de que já foi habitada área hoje a 150 m de profundidade no mar Negro

Novos indícios apontam o local do Dilúvio

JOHN NOBLE WILFORD
DO "THE NEW YORK TIMES"

Arqueólogos norte-americanos encontraram evidências que parecem apoiar a teoria de que uma enchente catastrófica atingiu a região do mar Negro há mais de 7.000 anos, aumentando a salinidade desse mar, submergindo as planícies vizinhas e possivelmente inspirando as lendas mesopotâmica e bíblica do Dilúvio.
Em seu primeiro relatório científico, os líderes de uma expedição que está explorando o mar Negro disseram que um levantamento de sonar feito perto da cidade de Sinop, na costa norte da Turquia, revelou os primeiros traços distintos da linha costeira antes do Dilúvio, hoje a cerca de 150 metros de profundidade.
Num determinado local, os aparelhos detectaram mais de 30 blocos de pedra no leito ligeiramente inclinado do fundo do mar, sem outras elevações. Mais investigações com câmeras guiadas por controle remoto revelaram pedaços de madeira e outros objetos, possivelmente restos de cerâmica.
O lugar "parece ser singularmente retangular" na imagem de sonar, e os blocos de pedra não parecem fazer parte de uma formação geológica natural, relataram os cientistas da expedição a Sinop na última edição da revista especializada "The American Journal of Archaeology" (www. ajaonline.org). A análise de amostras do subsolo marinho revelou evidências que, de acordo com os arqueólogos, são consistentes com a interpretação de que o lugar havia sido ocupado anteriormente por seres humanos.
"A expedição claramente achou um ambiente subaquático com materiais que pertencem ao período anterior à inundação", disse Bruce Hitchner, arqueólogo da Universidade de Dayton, no Estado norte-americano de Ohio, e editor do periódico em que a pesquisa foi publicada. "Acho que eles confirmaram um elemento importante da teoria do Dilúvio de forma bastante convincente".

Navios romanos
Entre as descobertas mais impressionantes da expedição estão restos de quatro navios romanos e bizantinos, incrivelmente bem preservados por causa das águas pobres em oxigênio do fundo do mar Negro.
A expedição foi liderada por Robert Ballard, oceanógrafo e presidente do Instituto de Exploração, em Mystic, Connecticut (EUA), e por Fredrik Hiebert, arqueólogo da Universidade da Pensilvânia (também dos EUA). O explorador submarino Robert Ballard ficou famoso por ter localizado e fotografado os restos do transatlântico Titanic. A pesquisa recebeu apoio da Sociedade Geográfica Nacional dos EUA.


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