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BIOLOGIA
Freqüência cardíaca fica igual
Carpa sobrevive quatro meses sem oxigênio
FERNANDA CALGARO
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Um tipo de carpa, o Carassius
carassius, primo da carpa comum (Cyprinus carpio), consegue sobreviver sem oxigênio por
quatro meses com a temperatura
da água oscilando em torno de
8C. "Esse tempo representa um
terço de sua vida", ressalta Jonathan Stecyk, pesquisador da Universidade Simon Fraser, no Canadá, e co-autor do estudo publicado ontem na revista científica
norte-americana "Science"
(www.sciencemag.org).
O resultado da pesquisa surpreende, pois revela que a freqüência cardíaca e o bombeamento do coração se mantiveram
nos mesmos níveis com e sem
oxigênio na água por cinco dias.
"Em geral, o coração de vertebrados ou falha imediatamente
na falta de oxigênio, como no caso
dos seres humanos, ou apresenta
uma redução drástica de sua atividade metabólica e de sua freqüência, como acontece com tartarugas de água doce", afirma Stecyk.
O biólogo explica que isso só é
possível porque o peixe é capaz de
equilibrar a demanda e o suprimento de energia e lidar com sucesso com o acúmulo do nocivo
acido lático resultante da anoxia
(falta de oxigênio), ao contrário
da carpa comum, que não consegue se manter viva após 24h privada de oxigênio.
O fígado dessa carpa mais resistente incha o equivalente a 15% de
sua massa corporal no fim do verão e começo do outono no hemisfério norte, o que possibilita
que 33% do órgão armazene
energia na forma de glicogênio,
que é transformado em energia
durante a época de inverno rigoroso, em que há falta de oxigênio
na água. O peixe também consegue transformar o ácido lático em
etanol ao reintroduzi-lo na corrente sangüínea novamente. O
etanol passa pelas guelras (órgãos
de respiração) e se dilui na água.
Cirurgia
No experimento, os cientistas
implantaram um aparelho na artéria aorta do peixe, que serviu
para medir a freqüência cardíaca
e a quantidade de sangue bombeado a cada batida. Também foi
inserida uma cânula para medir a
pressão arterial. O animal teve
dois dias para se recuperar desse
procedimento, antes de ficar cinco dias na água sem oxigênio. Durante esse período, a sua atividade
cardíaca foi monitorada.
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