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São Paulo, segunda-feira, 03 de fevereiro de 2003

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TRAGÉDIA

Dano sob asa do Columbia pode ter sido gatilho; almirante que investigou atentado a porta-aviões chefia estudo

Superaquecimento é o principal suspeito

DA REDAÇÃO

Um superaquecimento da estrutura do Columbia precedeu sua desintegração na atmosfera, disse ontem Ron Dittemore, chefe do programa de ônibus espaciais da Nasa. A principal suspeita é que o veículo tenha perdido ou danificado algumas de suas pastilhas protetoras num incidente durante o lançamento, mas a agência espacial norte-americana diz que só há evidências preliminares e que nenhuma causa pode ser descartada, por ora.
As investigações do governo já começaram, sob o comando de Harold W. Gehman Jr., o almirante aposentado da Marinha dos EUA que liderou a investigação do ataque terrorista ao porta-aviões americano USS Cole em 2000. Ele foi nomeado pelo governo americano para chefiar a comissão especial independente que vai investigar os eventos que levaram à desintegração da nave.
Segundo Sean O'Keefe, diretor da Nasa, a missão de Gehman será analisar todas as informações disponíveis e determinar exatamente o que levou à catástrofe.
Apesar das suspeitas sobre a decolagem, O'Keefe diz que a comissão não deve se concentrar em "nenhuma teoria favorita". O grupo vai investigar todos os aspectos da missão que matou sete astronautas sobre o Texas, anteontem, no rumo do Centro Espacial Kennedy, na Flórida.
Há indícios de que tenha ocorrido o desprendimento de algumas das pastilhas de cerâmica responsáveis pela dissipação do calor causado pelo atrito com a atmosfera na reentrada. Durante o lançamento do Columbia, em 16 de janeiro, um pedaço de espuma se desprendeu de um dos foguetes auxiliares do veículo, atingindo as pastilhas sob a asa esquerda.
Embora os engenheiros da Nasa tivessem considerado o dano potencial pequeno demais para causar uma catástrofe, os problemas começaram justamente no lado esquerdo da espaçonave, onde foi registrado um aquecimento de 32ºC durante cinco minutos.
Segundo Ron Dittemore, da Nasa, não era possível fazer uma inspeção visual dos danos antes da reentrada, por meio de uma caminhada espacial. "Em nossas caminhadas, estávamos limitados ao espaço da área de carga do ônibus espacial", disse. "Não havia como alguém ir até a porção inferior do veículo e verificar os danos. Uma vez que estamos em órbita, não há nada que possamos fazer a respeito de danos em pastilhas."
Tentativas de inspecionar o veículo no espaço a partir de observações em terra também já foram feitas no passado, sem sucesso.
Segundo O'Keefe, Gehman já estaria na tarde de ontem em Shreveport, Estado da Louisiana, onde alguns dos destroços foram encontrados, com uma equipe. "Nós vamos descobrir o que levou a isso, revisar todos os eventos", disse o diretor da Nasa. "Não vamos deixar uma pedra intocada nesse processo."
O grupo liderado por Gehman terá especialistas da Força Aérea e da Marinha. Pelo menos três investigações governamentais serão conduzidas em paralelo, de maneira independente. Além da comissão Gehman, a Nasa também conduzirá sua própria investigação, assim como o Comitê de Ciência da Câmara de Representantes (deputados).
As investigações no local do acidente já estão caminhando. Caças F-16 refizeram o percurso do Columbia enquanto a nave se partia em pedaços sobre os céus americanos, em busca de mais informações, e equipes em terra prosseguem no esforço de recuperação dos destroços.

Líder da investigação
Gehman era comandante-em-chefe do Comando de Forças Conjuntas dos EUA até sua aposentadoria, em meados de 2000. Depois disso, foi chamado a chefiar a investigação conduzida quando um pequeno barco ancorado ao lado do porta-aviões USS Cole (que estava reabastecendo em Aden, no Iêmen) explodiu. O incidente, ocorrido em 12 de outubro de 2000, foi o primeiro caso de um atentado terrorista bem-sucedido contra uma embarcação da Marinha americana. O incidente matou 17 marinheiros.


Com agências internacionais


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