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TRAGÉDIA
Dano sob asa do Columbia pode ter sido gatilho; almirante que investigou atentado a porta-aviões chefia estudo
Superaquecimento é o principal suspeito
DA REDAÇÃO
Um superaquecimento da estrutura do Columbia precedeu
sua desintegração na atmosfera,
disse ontem Ron Dittemore, chefe
do programa de ônibus espaciais
da Nasa. A principal suspeita é
que o veículo tenha perdido ou
danificado algumas de suas pastilhas protetoras num incidente
durante o lançamento, mas a
agência espacial norte-americana
diz que só há evidências preliminares e que nenhuma causa pode
ser descartada, por ora.
As investigações do governo já
começaram, sob o comando de
Harold W. Gehman Jr., o almirante aposentado da Marinha dos
EUA que liderou a investigação
do ataque terrorista ao porta-aviões americano USS Cole em
2000. Ele foi nomeado pelo governo americano para chefiar a comissão especial independente que
vai investigar os eventos que levaram à desintegração da nave.
Segundo Sean O'Keefe, diretor
da Nasa, a missão de Gehman será analisar todas as informações
disponíveis e determinar exatamente o que levou à catástrofe.
Apesar das suspeitas sobre a decolagem, O'Keefe diz que a comissão não deve se concentrar em
"nenhuma teoria favorita". O grupo vai investigar todos os aspectos da missão que matou sete astronautas sobre o Texas, anteontem, no rumo do Centro Espacial
Kennedy, na Flórida.
Há indícios de que tenha ocorrido o desprendimento de algumas
das pastilhas de cerâmica responsáveis pela dissipação do calor
causado pelo atrito com a atmosfera na reentrada. Durante o lançamento do Columbia, em 16 de
janeiro, um pedaço de espuma se
desprendeu de um dos foguetes
auxiliares do veículo, atingindo as
pastilhas sob a asa esquerda.
Embora os engenheiros da Nasa
tivessem considerado o dano potencial pequeno demais para causar uma catástrofe, os problemas
começaram justamente no lado
esquerdo da espaçonave, onde foi
registrado um aquecimento de
32ºC durante cinco minutos.
Segundo Ron Dittemore, da Nasa, não era possível fazer uma inspeção visual dos danos antes da
reentrada, por meio de uma caminhada espacial. "Em nossas caminhadas, estávamos limitados ao
espaço da área de carga do ônibus
espacial", disse. "Não havia como
alguém ir até a porção inferior do
veículo e verificar os danos. Uma
vez que estamos em órbita, não há
nada que possamos fazer a respeito de danos em pastilhas."
Tentativas de inspecionar o veículo no espaço a partir de observações em terra também já foram
feitas no passado, sem sucesso.
Segundo O'Keefe, Gehman já
estaria na tarde de ontem em
Shreveport, Estado da Louisiana,
onde alguns dos destroços foram
encontrados, com uma equipe.
"Nós vamos descobrir o que levou a isso, revisar todos os eventos", disse o diretor da Nasa. "Não
vamos deixar uma pedra intocada
nesse processo."
O grupo liderado por Gehman
terá especialistas da Força Aérea e
da Marinha. Pelo menos três investigações governamentais serão
conduzidas em paralelo, de maneira independente. Além da comissão Gehman, a Nasa também
conduzirá sua própria investigação, assim como o Comitê de
Ciência da Câmara de Representantes (deputados).
As investigações no local do acidente já estão caminhando. Caças
F-16 refizeram o percurso do Columbia enquanto a nave se partia
em pedaços sobre os céus americanos, em busca de mais informações, e equipes em terra prosseguem no esforço de recuperação
dos destroços.
Líder da investigação
Gehman era comandante-em-chefe do Comando de Forças
Conjuntas dos EUA até sua aposentadoria, em meados de 2000.
Depois disso, foi chamado a chefiar a investigação conduzida
quando um pequeno barco ancorado ao lado do porta-aviões USS
Cole (que estava reabastecendo
em Aden, no Iêmen) explodiu. O
incidente, ocorrido em 12 de outubro de 2000, foi o primeiro caso
de um atentado terrorista bem-sucedido contra uma embarcação
da Marinha americana. O incidente matou 17 marinheiros.
Com agências internacionais
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