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MEDICINA
Procedimento poderá ser usado para criar drogas melhores contra o câncer
Técnica torna anticorpo mais eficaz
GABRIELA SCHEINBERG
da Reportagem Local
Aumentar a potência de um anticorpo sintético contra células
cancerosas pode ser tão simples
quando ligar e desligar a luz. Nesse caso, o ideal seria manter sempre acionada a chave que liga a
luz. Essa é a conclusão de um estudo realizado pela Universidade
Rockefeller, nos EUA.
Os cientistas estudaram drogas
chamadas anticorpos monoclonais, que são proteínas sintéticas
desenvolvidas para atacar um alvo específico, como as células
cancerosas. Embora essas drogas
existam há 25 anos, o seu mecanismo de ação ainda não foi totalmente compreendido.
Segundo o estudo, publicado na
última edição da revista "Nature
Medicine", o segredo do sucesso
dos anticorpos monoclonais está
em uma região chamada Fc. Essa
região é responsável por "recrutar" células do sistema de defesa
para participar do ataque contra
uma doença, como o câncer.
A região Fc do anticorpo é como uma chave. A sua fechadura,
chamada de receptor, fica na superfície de células efetoras (do sistema de defesa).
Uma vez que a chave encontra a
sua fechadura, as células de defesa
começam a participar do ataque
contra a doença.
Jeffrey Ravetech, autor do estudo, descobriu que existem alguns
tipos de receptor, localizados nas
células de defesa, que as ativam
(liga) e outros que as desativam
(desliga). "O balanço entre os receptores que ligam e desligam
uma célula efetora é uma história
muito complicada", disse Ravetech à Folha.
Segundo ele, o ideal seria encontrar uma forma de desativar o
receptor que desliga a célula, que
impede a sua participação no ataque contra o inimigo, como o
câncer. Isso potencializa a ação
dos anticorpos monoclonais.
Há duas formas de fazer isso. A
primeira seria modificando a região Fc do anticorpo de forma
que seja incapaz de desligar.
A segunda, de acordo com Ravetech, é bloqueando o receptor
que desliga na célula efetora usando drogas específicas, como os
anticorpos monoclonais.
O estudo de Ravetech comprovou que a ação antitumoral dos
anticorpos monoclonais depende
da ativação do receptor nas células de defesa.
Em um artigo comentando o estudo, publicado na mesma revista, Alan Houghton e David
Scheinberg, do Centro de Câncer
Memorial Sloan-Kettering, nos
EUA, afirmaram que as técnicas
que potencializam a ação dos anticorpos poderão ser usadas para
aprimorar os anticorpos monoclonais no futuro.
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