São Paulo, segunda-feira, 03 de abril de 2000


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MEDICINA
Procedimento poderá ser usado para criar drogas melhores contra o câncer
Técnica torna anticorpo mais eficaz

GABRIELA SCHEINBERG
da Reportagem Local

Aumentar a potência de um anticorpo sintético contra células cancerosas pode ser tão simples quando ligar e desligar a luz. Nesse caso, o ideal seria manter sempre acionada a chave que liga a luz. Essa é a conclusão de um estudo realizado pela Universidade Rockefeller, nos EUA.
Os cientistas estudaram drogas chamadas anticorpos monoclonais, que são proteínas sintéticas desenvolvidas para atacar um alvo específico, como as células cancerosas. Embora essas drogas existam há 25 anos, o seu mecanismo de ação ainda não foi totalmente compreendido.
Segundo o estudo, publicado na última edição da revista "Nature Medicine", o segredo do sucesso dos anticorpos monoclonais está em uma região chamada Fc. Essa região é responsável por "recrutar" células do sistema de defesa para participar do ataque contra uma doença, como o câncer.
A região Fc do anticorpo é como uma chave. A sua fechadura, chamada de receptor, fica na superfície de células efetoras (do sistema de defesa).
Uma vez que a chave encontra a sua fechadura, as células de defesa começam a participar do ataque contra a doença.
Jeffrey Ravetech, autor do estudo, descobriu que existem alguns tipos de receptor, localizados nas células de defesa, que as ativam (liga) e outros que as desativam (desliga). "O balanço entre os receptores que ligam e desligam uma célula efetora é uma história muito complicada", disse Ravetech à Folha.
Segundo ele, o ideal seria encontrar uma forma de desativar o receptor que desliga a célula, que impede a sua participação no ataque contra o inimigo, como o câncer. Isso potencializa a ação dos anticorpos monoclonais.
Há duas formas de fazer isso. A primeira seria modificando a região Fc do anticorpo de forma que seja incapaz de desligar.
A segunda, de acordo com Ravetech, é bloqueando o receptor que desliga na célula efetora usando drogas específicas, como os anticorpos monoclonais.
O estudo de Ravetech comprovou que a ação antitumoral dos anticorpos monoclonais depende da ativação do receptor nas células de defesa.
Em um artigo comentando o estudo, publicado na mesma revista, Alan Houghton e David Scheinberg, do Centro de Câncer Memorial Sloan-Kettering, nos EUA, afirmaram que as técnicas que potencializam a ação dos anticorpos poderão ser usadas para aprimorar os anticorpos monoclonais no futuro.


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