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São Paulo, quinta-feira, 03 de abril de 2003

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BIOMECÂNICA

Prótese criada por cientistas da USP terá três dedos funcionais e três tipos de movimento controlados por usuário

Mão robótica consegue "sentir" calor e peso

REINALDO JOSÉ LOPES
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Parece uma simples prótese de mão, mas seria mais adequado chamá-la de um robô interativo -capaz de devolver a seu usuário a habilidade de usar objetos com precisão e um pouco da sensibilidade de mãos reais. Criada por pesquisadores da USP, essa mão eletrônica já tem vários de seus sistemas prontos e deve começar a ser testada no final deste ano.
Espera-se que o robô consiga realizar três movimentos básicos e possa transmitir ao deficiente físico a temperatura e o peso do objeto que está sendo manipulado.
O aparelho está sendo desenvolvido na USP de São Carlos (interior de São Paulo). A idéia do projeto, contudo, vem desde a época em que Fransérgio Leite da Cunha, 30, estudava engenharia mecânica na Ufes (Universidade Federal do Espírito Santo).
"Lembro-me de ter procurado o pessoal da área de medicina para pedir ajuda. Alguns me disseram que eu nunca iria conseguir", conta Cunha, hoje no Labciber (Laboratório de Biocibernética e Engenharia de Reabilitação).
Mesmo assim, Cunha foi em frente quando percebeu que havia uma forma simples e pouco invasiva de fazer a pessoa controlar a mão biônica. "Dá para receber os sinais por estimulação cutânea [da pele]", afirma o pesquisador.
Parece mágica, mas é mera exploração inteligente de um princípio biológico. Afinal, o movimento dos músculos é comandado por um sinal elétrico. É assim que a mão eletrônica deverá atuar. "A pessoa vai acoplar a mão ao braço e treinar a contração dos músculos até que o computador do aparelho se adapte ao sinal elétrico passado e controle o movimento dos dedos", afirma Cunha.
O verdadeiro desafio é dar à mão habilidades e características mais antropomórficas -ou seja, parecidas com os da mão humana. É por isso que, além do sensor que capta a eletricidade muscular, o computador da mão irá processar informações de sensores de calor, peso, deslizamento e posição angular.
Por enquanto, a equipe está enfrentando uma limitação inusitada: "Precisamos saber quais as funções mais importantes para as pessoas que vão utilizar a prótese, e pedimos a colaboração mandando e-mails para hospitais e centros de reabilitação, mas recebemos só 15 respostas", diz Cunha. Os interessados podem colaborar pelo site www.sel.eesc.sc.usp.br/labciber/fcunha/pesquisa.html. O projeto é apoiado pela Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo).


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