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ESPAÇO
Custo e benefício da estação orbital serão avaliados
Agência vai rever participação do Brasil na ISS, diz novo presidente
SALVADOR NOGUEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
O engenheiro civil Luiz Bevilacqua, 66, foi empossado ontem como presidente da Agência Espacial Brasileira (AEB) pelo ministro da Ciência e Tecnologia, Roberto Amaral. Bevilacqua prometeu revisão extensa do projeto de
participação brasileira na ISS (Estação Espacial Internacional).
"Temos de rever esse programa
e qual seria o benefício para o
país", diz Bevilacqua. "É um projeto que tem se mostrado caro, e
há um questionamento da própria comunidade científica e tecnológica sobre os benefícios que
isso pode trazer para o país."
O Brasil havia assumido o compromisso de gastar US$ 120 milhões no projeto, em troca de espaço para experimentos nacionais nos ônibus espaciais e na estação, além do treinamento de
um astronauta. O acordo foi assinado em 1997 e o major-aviador
Marcos César Pontes iniciou sua
preparação no Centro Espacial
Johnson, da Nasa, um ano depois.
Como aconteceu com o restante
do projeto, os custos da parte brasileira foram subestimados e, no
ano passado, o então ministro da
Ciência e Tecnologia, Ronaldo
Sardenberg, enviou uma carta à
agência espacial americana indicando a impossibilidade de cumprir o fornecimento das peças no
prazo estipulado.
Iniciaram-se então discussões
para rever a participação brasileira, processo que ainda está em andamento. Mas a nova administração da AEB pretende intensificar
essa revisão levando em conta a
relação entre custo e benefício.
"Mas repare que a agência não é
independente nesse projeto. Isso
será feito com o MCT."
Como vai ficar, ninguém sabe.
"Eu acho que todas as opções estão abertas." Mas o Brasil não deve abandonar o programa: "Isso
seria uma decisão muito drástica.
Já houve investimento. Precisa ser
negociado. Sem paixões, sem
pressa, mas o interesse do país
tem de ser levado em conta".
Com relação à exploração comercial do Centro de Lançamento de Alcântara (MA), Bevilacqua
não teme pela recente posição do
governo Lula de reavaliar o acordo de salvaguardas tecnológicas
Brasil-EUA que abriria o mercado americano de satélites ao país.
"Há outros mercados, mais modestos, que poderíamos atingir,
como Ucrânia e Israel."
Ele considera como principais
prioridades da AEB, hoje, o apoio
ao VLS (Veículo Lançador de Satélite) e a programas de satélites.
Antes de assumir a agência, Bevilacqua foi pesquisador da UFRJ
e da PUC do Rio de Janeiro, secretário-geral do MCT e diretor do
CNPq, da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
Superior (Capes) e da Fundação
de Amparo à Pesquisa do Estado
do Rio de Janeiro (Faperj).
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