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GENÉTICA
Estudos identificam 28 linhagens em evolução
DNA ajuda a revelar
as raízes humanas
NICHOLAS WADE
do "The New York Times"
A Bíblia menciona três filhos de
Adão e Eva: Caim, Abel e Seth. Os
geneticistas, entretanto, analisando os padrões de DNA encontrados em pessoas do mundo todo,
identificaram dez linhagens descendentes do primeiro homem e
18 linhagens da primeira mulher.
A mais detalhada árvore genealógica humana disponível foi
construída por Douglas Wallace e
colaboradores, da Faculdade de
Medicina da Universidade de
Emory, em Atlanta.
O estudo é baseado no DNA mitocondrial (mtDNA), material genético que só é transmitido pela
mãe. Desse estudo foram determinadas as 18 ramificações da
primeira mulher, também conhecida como "Eva mitocondrial".
No caso das linhagens masculinas, uma análise baseada no cromossomo Y -presente somente
nos homens- foi preparada por
Peter Underhill e Peter Oefner, da
Universidade de Stanford.
Os geneticistas de populações
acreditam que a primeira população humana era pequena -cerca
de 2.000 indivíduos. Mas a árvore
genealógica baseada no DNA mitocondrial humano não se inicia
nas mulheres dessa população. A
árvore tem raiz em uma única
mulher, a "Eva mitocondrial",
pois as outras linhagens acabaram extintas.
A mesma conclusão foi estabelecida na linhagem paterna. Pelo
fato de que em cada geração alguns homens não têm descendentes, ou apenas filhas, o número de padrões de cromossomo Y
pode diminuir, mesmo em uma
população do mesmo tamanho.
Essa população ancestral viveu
em algum lugar da África, dizem
os geneticistas, e começou a se dividir há cerca de 144 mil anos,
momento em que as árvores mitocondriais e de cromossomos Y
começam a se ramificar.
DNA pouco variável
As mitocôndrias, organelas localizadas nas células e com a função de produzir energia, possuem
um DNA próprio e, como são
passadas diretamente da mãe para seus descendentes, escapam ao
embaralhamento de genes que
ocorre com o passar das gerações.
Em princípio, todas as pessoas
deveriam ter o mesmo DNA em
suas mitocôndrias. Na prática, o
mtDNA acumulou algumas mudanças ao longo dos séculos por
erros na cópia do código genético.
As mulheres se espalhavam pelo mundo quando muitas dessas
mudanças ocorreram, o que fez
com que algumas transformações
sejam encontradas em apenas algumas regiões e continentes.
Wallace descobriu que quase
todos os índios americanos têm
mitocôndrias que pertencem às
linhagens que ele denominou A,
B, C e D. Os europeus pertencem
a um grupo diferente de linhagens, as que vão de H até K e de T
até X.
A divisão entre as duas principais ramificações na árvore européia indica que o homem moderno chegou à Europa entre 39 mil e
51 mil anos atrás. A data estimada
pelos arqueólogos para essa ocorrência é de 35 mil anos.
Na Ásia, há uma linhagem ancestral chamada de M, com ramificações descendentes E, F e G,
além das linhagens A, B, C e D,
encontradas nas Américas.
Na África, há apenas uma linhagem principal, conhecida como L,
que é dividida em três ramificações. L3, a ramificação mais recente, é comum no leste da África
e pode ser a fonte das linhagens
asiáticas e européias.
As linhagens do DNA mitocondrial feitas por Wallace são chamadas de "haplogrupos", mas
são coloquialmente conhecidas
como as "filhas de Eva", porque
todas são ramificações do tronco
derivado da "Eva mitocondrial".
A árvore baseada no estudo do
cromossomo Y ainda não foi publicada pelos pesquisadores de
Stanford. Ela tem como raiz um
único cromossomo Y e dez ramificações principais.
Delas, três (chamadas 1, 2 e 3)
são encontradas quase que exclusivamente na África. A linhagem
do filho 3 migrou para a Ásia e
deu origem às outras sete linhagens (de 4 a 10), que se espalharam pelo mundo -para o mar do
Japão, norte da Índia e sul da Europa.
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