São Paulo, sexta-feira, 03 de setembro de 2004

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SAÚDE

Técnica pode ajudar calvos e vítimas de queimadura

Pesquisadores criam tufo de pêlos utilizando célula-tronco de roedor

CRISTINA AMORIM
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Que se cuide Michael Stipe, vocalista da banda de rock R.E.M.: seu visual careca pode virar coisa do passado. Pesquisadores da Universidade de Nova York (EUA) conseguiram produzir tufos de pêlos, além de células de pele e glândulas sebáceas, a partir de células-tronco adultas retiradas de folículos capilares. O estudo sai publicado hoje na revista científica "Cell" (www.cell.com).
Até o momento, o experimento foi realizado somente in vitro e em camundongos sem pêlos, mas os cientistas esperam realizar testes com tecidos humanos até o fim do ano. A intenção, dizem eles, é ajudar indivíduos calvos e pessoas que tiveram a pele danificada, como vítimas de queimaduras de terceiro grau.
"Com base no conhecimento que temos sobre as células epiteliais do homem, acho que poderemos transferir a técnica para a realidade humana com sucesso", disse à Folha William Lowry, um dos líderes do estudo.
Lowry e seus colegas do Howard Hughes Medical Institute retiraram células-tronco de um reservatório chamado bulbo- uma "fábrica natural" que promove a regeneração do tecido- localizado na base do folículo.
Eles encontraram uma linhagem multipotente que gera diferentes tecidos epiteliais e foliculares. "Descobrimos que a superfície de células-tronco da pele é diferente daquela vista em outras células da pele, o que nos permitiu usar dois anticorpos para diferenciá-los", explica o cientista. "Ninguém havia isolado as células-tronco dessa forma antes."
Segundo os pesquisadores, estudos anteriores haviam formado estruturas similares na epiderme ao transplantar partes dissecadas de folículos, mas não havia regeneração do pêlo.
Células-tronco multipotentes possuem a capacidade virtual de gerar qualquer tipo de tecido e são encontradas com facilidade em embriões. No entanto, as versões adultas costumam apresentar "linhas de produção" limitadas a poucas variedades celulares.

Novas regras
De acordo com Lowry, encontrar células-tronco multipotentes em folículos "permite que se desenvolva uma nova linha de pesquisa, independente do trabalho com tecido embrionário".
Atualmente, o governo dos EUA não apóia a pesquisa com células-tronco embrionárias no país, pois a sua retirada exige a destruição do embrião. Quem quiser trabalhar com linhagens do gênero precisa buscar financiamento privado. A equipe de Nova York recebe verbas dos Institutos Nacionais de Saúde, órgãos ligados ao Departamento de Saúde dos Estados Unidos.


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