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SAÚDE
Técnica pode ajudar calvos e vítimas de queimadura
Pesquisadores criam tufo de pêlos utilizando célula-tronco de roedor
CRISTINA AMORIM
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Que se cuide Michael Stipe, vocalista da banda de rock R.E.M.:
seu visual careca pode virar coisa
do passado. Pesquisadores da
Universidade de Nova York
(EUA) conseguiram produzir tufos de pêlos, além de células de pele e glândulas sebáceas, a partir de
células-tronco adultas retiradas
de folículos capilares. O estudo sai
publicado hoje na revista científica "Cell" (www.cell.com).
Até o momento, o experimento
foi realizado somente in vitro e
em camundongos sem pêlos, mas
os cientistas esperam realizar testes com tecidos humanos até o
fim do ano. A intenção, dizem
eles, é ajudar indivíduos calvos e
pessoas que tiveram a pele danificada, como vítimas de queimaduras de terceiro grau.
"Com base no conhecimento
que temos sobre as células epiteliais do homem, acho que poderemos transferir a técnica para a
realidade humana com sucesso",
disse à Folha William Lowry, um
dos líderes do estudo.
Lowry e seus colegas do Howard Hughes Medical Institute
retiraram células-tronco de um
reservatório chamado bulbo-
uma "fábrica natural" que promove a regeneração do tecido-
localizado na base do folículo.
Eles encontraram uma linhagem multipotente que gera diferentes tecidos epiteliais e foliculares. "Descobrimos que a superfície de células-tronco da pele é diferente daquela vista em outras
células da pele, o que nos permitiu
usar dois anticorpos para diferenciá-los", explica o cientista. "Ninguém havia isolado as células-tronco dessa forma antes."
Segundo os pesquisadores, estudos anteriores haviam formado
estruturas similares na epiderme
ao transplantar partes dissecadas
de folículos, mas não havia regeneração do pêlo.
Células-tronco multipotentes
possuem a capacidade virtual de
gerar qualquer tipo de tecido e são
encontradas com facilidade em
embriões. No entanto, as versões
adultas costumam apresentar "linhas de produção" limitadas a
poucas variedades celulares.
Novas regras
De acordo com Lowry, encontrar células-tronco multipotentes
em folículos "permite que se desenvolva uma nova linha de pesquisa, independente do trabalho
com tecido embrionário".
Atualmente, o governo dos
EUA não apóia a pesquisa com
células-tronco embrionárias no
país, pois a sua retirada exige a
destruição do embrião. Quem
quiser trabalhar com linhagens
do gênero precisa buscar financiamento privado. A equipe de
Nova York recebe verbas dos Institutos Nacionais de Saúde, órgãos ligados ao Departamento de
Saúde dos Estados Unidos.
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