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GLACIOLOGIA
Estudo afirma que recuo do gelo é constante desde 10 mil anos atrás
Derretimento antártico é natural
DA ASSOCIATED PRESS
Uma grande capa de gelo antártica está derretendo e pode desaparecer em 7.000 anos, possivelmente elevando os níveis do mar
em 4,8 metros, segundo um novo
estudo feito por pesquisadores
norte-americanos.
Baseados em medições geológicas que datam de quando as pedras do local primeiro estiveram
livres do gelo, os pesquisadores
descobriram que o Manto de Gelo
do Oeste Antártico começou a se
retrair cerca de 10 mil anos atrás
-e ainda está derretendo, segundo John Stone, primeiro autor de
um estudo publicado na última
edição da revista "Science"
(www.sciencemag.org).
"Houve um derretimento contínuo e gradual", diz Stone, um
professor de geologia da Universidade de Washington, em Seattle
(EUA). Por milhares de anos, o
gelo tem se reduzido a um ritmo
de cinco centímetros por ano,
uma taxa constante que não mostra sinais de arrefecimento.
Se o Manto de Gelo do Oeste
Antártico derreter inteiramente, o
nível global do mar subirá até 4,8
metros, o suficiente para submergir algumas ilhas e áreas costeiras.
"Se essa taxa de derretimento
persistir por 7.000 anos, o ritmo
de mudança é tal que os humanos
podem se acostumar com ele", diz
Stone. "O problema real é que há
lugares no mundo em que um aumento significativo em umas
poucas décadas poderia ser uma
preocupação bem séria, por conta
de tempestades e marés."
"Nossas medidas sugerem um
ritmo constante de derretimento,
mas não poderíamos descartar
eventos rápidos e curtos", afirma.
Influência humana
Stone também diz que o estudo
não pode demonstrar se o derretimento atualmente está sendo influenciado pelo aquecimento global, aumento gradual nas temperaturas mundiais que está sendo
acelerado pela queima de combustíveis fósseis. Em vez disso, ele
diz, os pesquisadores mediram o
que aparentemente é um ciclo natural de concentração e derretimento de gelo que pode estar
acontecendo periodicamente há
milhões de anos.
Robert Ackert Jr, do Instituto
Oceanográfico Woods Hole, disse
que o estudo de Stone e seus colegas é importante porque estabelece a tendência natural do derretimento, que pode ser comparada
com o ritmo atual, permitindo a
observação de potenciais influências humanas sobre o clima.
"Qualquer mudança antropogênica poderá ser superposta a essa tendência", diz Ackert. "Embora a humanidade seja incapaz de
interromper essa tendência, o
aquecimento antropogênico poderia acelerá-la. Eu não interpretaria esses dados como um sinal
de que não precisamos mais estar
preocupados com essa questão",
afirma o cientista.
No estudo, Stone e Gregory Balco, da Universidade de Washington, com cientistas de três outras
instituições, mediram tipos diferentes de um conjunto de elementos nas rochas coletadas na encosta das montanhas da Terra de Marie Byrd, na área do manto.
Na altura correspondente à última era glacial (encerrada há 10
mil anos), essas montanhas estavam cobertas de gelo. Conforme o
gelo derretia e as rochas ficavam
expostas, eram atingidas por raios
cósmicos, que alteravam a química das pedras. Medindo essa alteração, os pesquisadores puderam
determinar quando a rocha ficou
livre do gelo. "O relógio começa a
bater quando o gelo derrete e vai
embora", explica Stone.
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