São Paulo, sábado, 04 de janeiro de 2003

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ASTRONOMIA

Um a cada quatro sistemas conhecidos abrigaria planeta habitável

Universo pode ter diversas Terras

MARK A. GARLICK
DA "NEW SCIENTIST"

Dois astrofísicos decidiram que a corrida para detectar um planeta como a Terra fora do Sistema Solar está demorando demais. Então, em vez de rastrear os céus, eles modelaram em computador todos os sistemas planetários conhecidos até agora para descobrir quais poderiam esconder planetas habitáveis. E concluíram que cerca de um quarto desses sistemas é capaz de ter outras Terras, número maior do que o esperado.
Desde 1995, os astrônomos descobriram dezenas de planetas orbitando estrelas próximas parecidas com o Sol. Os métodos atuais só permitem a detecção de gigantes gasosos como Júpiter, mas a vida, pelo menos na forma em que é conhecida, só pode começar numa superfície sólida na qual água possa se acumular. Pequenos planetas feitos de pedra seriam abrigos mais prováveis, mas levará anos até que os cientistas possam detectá-los.
Para estreitar a busca, Serge Tabachnik e Kristen Menou, da Universidade de Princeton, em Nova Jersey, criaram simulações de computador de 85 sistemas conhecidos até agosto de 2002, para estimar quais poderiam ter planetas habitáveis. Embora trabalhos semelhantes tenham sido feitos para sistemas planetários individuais, esse estudo, que será publicado na revista "The Astrophysical Journal" (www.journals.uchi cago.edu/ApJ), é o primeiro a abranger todos os sistemas identificados até aquele momento.
A primeira coisa que eles investigaram foi a possibilidade de um planeta terrestre (pequeno e rochoso) existir numa órbita estável. Os puxões gravitacionais exercidos pelos planetas gigantes gasosos podem forçar planetas menores para órbitas instáveis ou mesmo ejetá-los de um sistema.
Além de evitar a influência de seus primos maiores, o planeta também precisa estar na "zona habitável": a região circundante à estrela dentro da qual um planeta pode suportar água líquida.
Os pesquisadores descobriram que cerca de um quarto dos sistemas continha regiões em que planetas amigáveis à vida poderiam existir. É muito mais do que o previsto, diz Tabachnik. Extrapolado para toda a Via Láctea, o resultado soma muitas novas Terras.
Mas os autores alertam que seus resultados são preliminares. Ainda poderia haver outros gigantes gasosos, mais distantes das estrelas, que ainda não foram detectados. Isso poderia afetar as regiões estáveis que eles identificaram.



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