|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
NEUROCIÊNCIA
Congresso no RN marca início de instituto para pesquisas do cérebro
Dormir ajuda memória, diz estudo
RICARDO BONALUME NETO
ENVIADO ESPECIAL A NATAL
Dormir faz bem para a sua memória. Esse fato já em parte sabido e deduzido pela ciência ganhou novas confirmações com o
trabalho de um jovem cientista
brasileiro nos EUA.
Sidarta Ribeiro, 32, hoje pesquisando na Universidade Duke, na
Carolina do Norte, vai ser um dos
primeiros nomes a fazer parte do
futuro Instituto Internacional de
Neurociência de Natal, cujo pontapé inicial foi dado ontem com a
abertura de um congresso internacional sobre o tema nessa cidade nordestina.
Ribeiro pesquisou ratos. Em estudos anteriores, ele notou a importância do sono para a consolidação da memória dos roedores
ao examinar o que acontecia na
complexa interação de substâncias químicas e sinais elétricos nos
seus cérebros.
Depois ele foi checar também os
efeitos nos genes, mais especificamente num gene, chamado Zif-268, cuja ausência em roedores
provoca danos à memória.
Há uma fase do sono, a de "ondas lentas", em que até o cérebro
parece estar dormindo, pois a sua
atividade no máximo lembra um
pensamento, sem cor, sem imagem. Já a fase chamada de REM
(sigla em inglês para "movimento
rápido do olho") inclui sonhos e
uma maior atividade cerebral.
O trabalho de Sidarta mostra
que as duas fases do sono têm papéis "distintos e complementares" na consolidação da memória,
que também migra de diferentes
partes do cérebro.
"É uma teoria humilde, que
mostra como mecanismos moleculares no nível de células podem
ter efeitos psicológicos importantes", diz ele.
O simpósio em Natal marca o
início das obras do futuro instituto, que nesta semana recebeu suas
primeiras verbas federais. O local
foi cedido pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte, à
qual o instituto estará vinculado.
O instituto é um "sonho" de Miguel Nicolelis, pesquisador brasileiro da Universidade Duke. Ele
vê no projeto uma forma de descentralizar a pesquisa no país,
concentrada no Sudeste.
Nicolelis comparou a fundação
do instituto em Natal à criação de
Brasília no interior do país. Para
ele, "precisamos criar Brasílias
científicas por todo o país".
Além da pesquisa de ponta, o
instituto terá centro para tratamento de pessoas com problemas
mentais, escola para mil crianças.
Em seu corpo de pesquisadores,
25% seriam estrangeiros.
Texto Anterior: Lei de biossegurança: Carta de cientistas teve assinaturas forjadas Próximo Texto: Panorâmica - Espaço: Nasa sonha em trazer amostras de Marte Índice
|