São Paulo, sábado, 04 de junho de 2005

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ASTRONOMIA

Pesquisa vem do Japão

Estrela mais velha não é primeira, diz estudo

SALVADOR NOGUEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Quando as encontraram, os astrônomos estavam com a esperança de terem achado dois exemplares das primeiras estrelas que surgiram no Universo. Elas continuam sendo as mais velhas conhecidas, mas a hipótese de que fossem de primeira geração foi posta abaixo por um novo estudo, conduzido por pesquisadores do Instituto de Pesquisa de Energia Atômica e da Universidade de Tóquio, no Japão.
As duas estrelas candidatas, denominadas HE0107-5240 (achada em 2002) e HE1327-2326 (achada neste ano), foram identificadas como velharias cósmicas em razão de sua baixa quantidade de elementos pesados, como oxigênio, carbono e ferro.
O Big Bang, explosão que teria dado origem ao Universo, só criou átomos de hidrogênio, hélio e lítio. Outros elementos mais pesados foram criados posteriormente, dentro de estrelas da primeira geração. Depois que elas explodiam, o material semeava outros berçários estelares e era incorporado a futuras estrelas. Por isso, quanto mais elementos pesados tem uma estrela, maior a probabilidade de ela ser bem nova.
As duas estrelas estudadas são de fato muito antigas, com cerca de 13 bilhões de anos (o Universo tem 13,7 bilhões, e o Sol e seus planetas, "apenas" 4,7 bilhões). Mas o modelo recém-apresentado pelos cientistas japoneses, encabeçados por Naoki Iwamoto, aponta que sua composição é incompatível com uma estrela de primeira geração, que teria sido feita exclusivamente da matéria primordial gerada pelo Big Bang.
Os resultados, publicados na última edição da revista "Science" (www.sciencemag.org), na verdade corroboram a expectativa do grupo de astrônomos australianos que estudou a mais velha das duas estrelas, a HE1327-2326. Eles já achavam que, muito provavelmente, se tratava de um astro muito velho, mas de segunda geração. E a busca pelas estrelas primevas continua.


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