São Paulo, quinta, 4 de junho de 1998

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CIÊNCIA
Primeiro experimento em larga escala de uma droga preventiva contra a ação do HIV deve começar este mês
EUA liberam teste de vacina contra Aids

da "Reuters"

O primeiro teste em larga escala de uma vacina contra a Aids deve começar ainda este mês nos EUA.
O experimento servirá inicialmente para descobrir como a droga atua no organismo e para identificar possíveis efeitos colaterais.
Cerca de 5.000 voluntários, todos sem contágio pelo HIV, deverão participar da primeira etapa do teste, que foi autorizado para estudos em larga escala pela FDA (agência reguladora de alimentos e medicamentos dos EUA).
Apesar de haver pelo menos 40 vacinas contra a Aids em estudo, a Aidsvax foi a primeira a obter permissão para os testes classificados pela FDA como da "fase 3", que visam estudar, em detalhe, a ação da substância em humanos.
Nos testes preliminares (em menor escala), 90% das pessoas que tomaram a vacina produziram algum tipo defesa contra o HIV-1, uma das linhagens do vírus que causa a Aids.
Apesar desses resultados, certos pesquisadores têm dúvidas a respeito da vacina, que foi desenvolvida pelo laboratório norte-americano VaxGen.
Segundo John Moore, do Centro Aaron Diamond de Pesquisa da Aids (EUA), a eficácia da vacina é baixa demais para ser medida.
"Ainda é muito cedo para a obtenção de resultados mensuráveis", segundo David Baltimore, que pesquisa a doença no Instituto de Tecnologia da Califórnia, EUA.
A fase 3 é, geralmente, a última etapa antes do pedido de aprovação de comercialização de uma nova droga, segundo a VaxGen.
O agente ativo da vacina é a proteína gp120, que está presente na parede externa do HIV. Essa proteína já tinha sido usada, sem sucesso, pelo mesmo laboratório em tentativas anteriores.
O que confere maior eficácia à Aidsvax, segundo a VaxGen, é a combinação de dois tipos de gp120, provenientes de linhagens diferentes do HIV.
O laboratório espera que, uma vez em contato com a proteína, o organismo seja capaz de produzir substâncias que impeçam a ligação do vírus às células brancas do sangue.

Proteção no parto
Cientistas suíços afirmam ter desenvolvido uma técnica que impede completamente a transmissão da Aids da mãe doente para o recém-nascido durante o parto.
Os cientistas teriam obtido os resultados ao administrar, à mãe e ao recém-nascido, a zidovudina, um medicamento que reduz a concentração do vírus no sangue.
Outro fator que ajudou a impedir o contágio foi que todos os bebês do teste nasceram por meio de cesáreas, em que há menor contacto com o sangue materno.



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