especial para a Folha

A Monsanto do Brasil, subsidiária do gigante biotecnológico com sede nos EUA, discute a aprovação de sua soja transgênica com o governo brasileiro há três anos. Seu argumento principal sempre foi que a Roundup Ready (RR) é idêntica à soja não-transgênica.
Sendo bioquimicamente idêntica, afirma a empresa, ela não pode causar nem mais nem menos alergias ou danos ambientais. Leia, a seguir, alguns pontos em que a Monsanto apóia sua afirmação:
Unanimidade - A RR já foi aprovada em todos os países produtores e consumidores importantes de soja, menos no Brasil, o segundo produtor mundial. Os Estados Unidos, em que a variedade já representa 35% do plantio, exportam o grão transgênico para a Europa há três anos.
Rotulação - Considera desnecessária, pois estaria provado que, por ser idêntico, o produto não oferece risco para a saúde. Ao contrário, a rotulagem prejudicaria o interesse do consumidor ao encarecer a produção, pela necessidade de manter a soja transgênica segregada da tradicional.
Polinização - Risco inexistente. Não há parentes silvestres próximos da soja no Brasil, pois a espécie cultivada (Glycine max) é originária da Ásia e só foi introduzida no Brasil em 1882. O perigo de hibridização (troca de material genético entre espécies) existiria somente em países como China, Japão, Coréia e Rússia.
Mesmo assim, o risco seria apenas teórico. A soja é uma planta que se poliniza a si mesma (autógama). Em apenas 1% dos casos, recebe pólen de outro indivíduo.
Herbicida - Segundo a empresa, com o aumento da eficiência seu uso será reduzido (veja arte acima, à dir.). O glifosato se degrada (desmancha) rapidamente no solo, 50% em menos de um mês. Está classificado no Brasil na categoria dos agrotóxicos menos perigosos (faixa verde) e não foi detectado resíduo nos grãos.
Alergias etc. - Mais de 1.400 estudos em laboratórios independentes teriam mostrado que a soja RR não difere da convencional como causa de alergias, mudança na nodulação de raízes ou nos microorganismos do solo. (ML)



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