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Produto foi o primeiro caso em escala comercial analisado pela CTNBio
Parecer técnico é favorável a soja
especial para a Folha
A Comissão Técnica Nacional de
Biossegurança (CTNBio), órgão
do Ministério da Ciência e Tecnologia, foi criada em junho de 1996.
Em pouco mais de dois anos, seus
18 membros efetivos deram já 115
pareceres favoráveis à liberação de
organismos geneticamente modificados Äos famigerados
OGMsÄ no ambiente.
Até o caso da soja da Monsanto,
essas decisões envolviam projetos
experimentais com vegetais. Ou
seja, apenas plantas, e cultivadas
com cuidados especiais de contenção (estufas ou campos isolados).
A Roundup Ready (RR) foi objeto
do primeiro pedido Äe o primeiro a ser acatadoÄ para uso em escala comercial.
"A CTNBio dá pareceres, não
autoriza nada", esclarece Lúcia
Fernandes Aleixo, 37, imunologista que assumiu o cargo de secretária-executiva da comissão há um
ano. Só examina o aspecto da biossegurança, se o OGM envolve riscos. Autorizações têm de ser dadas
pelos "órgãos competentes"
Äno caso da certificação de sementes ou plantio, pelo Ministério
da Agricultura.
Aleixo nega que tenha havido
pressa para aprovar a soja RR.
"Foi discutido extensamente esse
tema. Os membros estavam prontos para votar." Ela se queixa de
que adversários dos transgênicos
agem de forma agressiva, por
exemplo, ao qualificar a decisão
da CTNBio de "irresponsável".
A secretária-executiva disse na
terça que a Sociedade Brasileira
para o Progresso da Ciência
(SBPC) e o Instituto Brasileiro de
Defesa do Consumidor (Idec)
"ainda" não tinham recebido
resposta para os questionamentos, mas que teriam. Com efeito, já
na quarta-feira cópia do parecer
foi enviada à SBPC para fazer as
vezes de resposta formal.
Não seria mais correto encaminhar as respostas Äelaboradas em
grande parte pela MonsantoÄ antes de emitido o parecer, para dar
às entidades o direito de tréplica?
Aleixo responde que há um prazo
a ser cumprido (30 dias) e que a
CTNBio não pode estender indefinidamente as consultas.
À parte isso, ela põe em dúvida a
representatividade das duas organizações. "O Idec não é representante do público (em geral)".
Acrescenta que a entidade pediu
para participar de um debate sobre a questão na CTNBio e foi
atendida. Na próxima reunião, será a vez do Greenpeace apresentar
sua posição sobre transgênicos.
Aleixo discorda de duas principais reivindicações do Idec: a necessidade de rotulagem e um Estudo de Impacto Ambiental (EIA).
Na sua opinião, o rótulo indicativo da presença de ingrediente de
origem transgênica deve ser reservado para aqueles casos em que se
insere um gene estranho à planta
e, além disso, ele se expressa (resulta) numa proteína inteiramente
diversa do comum. Por exemplo,
grãos de soja com uma proteína
existente só na castanha-do-pará.
Quanto ao EIA, Aleixo afirma
que a CTNBio pode pedi-lo, mas
não necessariamente tem de fazê-lo. Como avaliou que não há
risco ambiental na RR, decidiu
não recomendá-lo.
(Marcelo Leite)
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