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PERISCÓPIO
Hormônios, estresse e obesidade
JOSÉ REIS
especial para a Folha
Enquanto muitos especialistas
debatem a natureza, as causas e
os efeitos da obesidade em geral, alguns outros estudam as
consequências de formas localizadas de excesso de gordura em
diferentes partes do corpo. Esses distinguem dois tipos principais de obesidade local: a alta,
representada por excesso de
gordura na parte superior do
corpo, em particular no peito e
no abdômen, que se enche de
matéria gordurosa, e a baixa, na
qual a gordura se acumula nos
membros inferiores. Os norte-americanos costumam chamar de "maçãs" o tipo alto e de
"peras" o tipo baixo.
A explicação dada para essa
diferença é que as células adiposas do abdômen rapidamente
desdobram os lipídios nelas
acumulados e logo despejam no
sangue os ácidos graxos resultantes, o que vai aumentar uma
carga já em si capaz de provocar
aumento de glicose e lipídios
triglicérides, provocando diabetes e problemas cardiovasculares. Outros, porém, mostram-se
adeptos de explicação diferente:
o estresse produz excesso de
hormônios que aparecem no
sangue e provocam os males.
Verificou-se experimentalmente que mulheres com obesidade abdominal são menos eficientes na tarefa de desdobrar a
glicose, o que pode gerar diabetes tipo 2. Os pesquisadores observaram que as células gordurosas abdominais são muito
maiores e mais capazes de desdobrar os lipídios em ácidos
graxos do que as células das nádegas e das pernas. Os autores
dessas experiências entenderam
que o fluxo de ácidos graxos poderia intervir no metabolismo
da glicose. Essas observações foram confirmadas e ampliadas,
com testes que revelam o risco
de elevar o teor de glicose e conduzir ao diabetes 2. Disso poderia resultar aumento do teor de
glicose no sangue. A sobrecarga
de ácidos graxos, por outro lado, faria o fígado produzir mais
triglicérides que, no sangue,
iriam elevar a promoção de aterosclerose e ataque cardíaco.
Outra hipótese apresentada
para explicar os males decorrentes da gordura abdominal
admite que o verdadeiro culpado por todos os transtornos são
hormônios do tipo da cortisona.
De fato, verificou-se em milhares de indivíduos que as pessoas
em que o teor de cortisona sobe
durante o dia, por causa de estresse crônico, têm mais gordura abdominal do que os que
mantêm aqueles níveis no ritmo
normal. Um dos cientistas que
defendem essas idéias afirma
que o hormônio poderia ser
causa de todos os males atribuídos à gordura abdominal. Esta
seria no máximo mero índice de
perturbação hormonal. E a gordura poderia ser ou não fator
gerador de doença.
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