WILLIAM FRANÇA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou ontem que a rejeição do presidente norte-americano George W. Bush de ratificar o Protocolo de Kyoto "foi um passo atrás".
Ele determinou que a delegação brasileira que irá participar da reunião para discutir novamente a implementação do protocolo, em Bonn (Alemanha), entre 16 e 27 deste mês, "aumente a dose" na proposição de metas de controle de emissão de gases que geram o chamado efeito estufa.
As afirmações foram feitas durante reunião do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas, realizada ontem em Brasília.
Segundo FHC, na conversa que ele teve com Bush em março, em Washington, o presidente norte-americano "colocou com uma clareza assustadora" a posição dele com relação a Kyoto.
"O raciocínio é direto: quer dizer, o importante, para o mundo, é que a economia norte-americana, que é a locomotiva do mundo, continue crescendo", disse.
Segundo o presidente, embora a afirmação de Bush tenha "base de verdade", o Brasil deve discutir "seja a que preço for". Para FHC, o preço, no caso, pode ser o da elevação da temperatura do planeta em até 5,8C em cem anos.
FHC disse que o Brasil tem de se valer do recuo dos EUA com relação ao protocolo para reafirmar, no exterior, sua posição de defesa do controle de emissão de gases. Para ele, "caberá ao Brasil um bom papel de liderança" em Bonn. "É preciso falar com muita gente, inclusive com a China e a Índia, que são países em desenvolvimento como nós."



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