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BIOTECNOLOGIA
Bezerra Glória confirma fertilidade da vaca Vitória, a primeira cópia genética bovina da América Latina
Embrapa agora anuncia a filha do clone
ANA FLOR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Embrapa (Empresa Brasileira
de Pesquisa Agropecuária) anunciou ontem o nascimento da bezerra Glória, filha do primeiro
clone bovino da América Latina,
"Vitória da Embrapa". O filhote
nasceu de parto natural em 19 de
setembro, em Brasília.
Segundo Rodolfo Rumpf, coordenador das pesquisas de reprodução animal da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, o
nascimento prova que o clone desenvolvido pelo órgão é perfeito
do ponto de vista reprodutivo.
"Vitória é fértil, sexualmente normal e tem instintos maternos."
A Embrapa demorou duas semanas para anunciar o nascimento, por uma questão de "cautela".
Os cientistas queriam avaliar mãe
e filha, ver se o relacionamento
das duas era o mesmo dos animais tradicionais e se o desenvolvimento da bezerrinha era normal, disse Rumpf.
Todo o processo de concepção
foi um "laboratório diário", segundo Rumpf. Vitória, hoje com
três anos e sete meses, apresentou
cio, passou pela monta -em que
o processo de cruzamento é feito
com um touro-, mas não ficou
prenha. A solução foi inseminá-la
artificialmente.
Vitória, clonada a partir de uma
célula de um embrião de cinco
dias, é fruto de um projeto desenvolvido desde 1984. Por se originar de um embrião, ela é diferente
da famosa ovelha Dolly, que foi
clonada a partir de uma célula extraída de um organismo adulto
-processo geralmente bem mais
complicado.
Além de Vitória, a Embrapa tem
um segundo clone, Lenda, nascida no ano passado.
O órgão tentou ainda criar um
clone de um clone, que chegou a
nascer, mas não teve vida longa.
Em maio deste ano, Vitoriosa,
clone de Vitória, morreu pouco
antes de completar quatro meses.
Para a Embrapa, além da importância científica da clonagem,
o método é uma forma de regenerar material genético em extinção
e de reprodução de indivíduos expoentes, com alto valor genético.
Por isso a escolha da raça bovina.
A seguir
O próximo passo, segundo José
Manuel Cabral Dias, chefe da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, é criar rebanhos de
bovinos clonados, para testes no
campo. Além do trabalho com
clones, a Embrapa segue as pesquisas com animais transgênicos
(em que trechos de DNA contendo genes de um organismo são inseridos em outro). Em 2003, o órgão conseguiu que um bezerro
transgênico sobrevivesse até o oitavo mês de gestação. Os próximos bovinos geneticamente modificados devem nascer em 2006.
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