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FÍSICA
Trio greco-russo sugere que fenômeno atmosférico misterioso visto por brasileiros seja miniatura do objeto astronômico
Buracos negros caem do céu, diz estudo
SALVADOR NOGUEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Buracos negros são tidos pela
maioria dos cientistas como objetos de difícil observação -exceto
por um trio de pesquisadores da
Grécia e da Rússia, que acaba de
sugerir que versões em miniatura
desses glutões cósmicos podem
ser encontradas na própria atmosfera terrestre.
Esses miniburacos negros
-objetos tão concentrados que
nem a luz seria capaz de escapar
deles, daí o nome- seriam tão
instáveis que sua duração teria
apenas um bilionésimo de bilionésimo de bilionésimo de segundo, segundo a revista britânica
"New Scientist", a primeira a publicar relato sobre a pesquisa de
Theodore Tomaras, da Universidade de Creta, e seus colegas Andrei Mironov e Alexei Morozov.
Trata-se de mais uma das teorias capazes de explicar um fenômeno descoberto há mais de três
décadas por um grupo de cientistas brasileiros e japoneses, liderados por aqui pelo famoso físico
Cesar Lattes, hoje com 79 anos.
O trabalho de observação foi feito numa instalação construída na
Bolívia. O enigma foi confrontado
pela primeira vez em 1972, quando os pesquisadores observaram
um padrão de atividade atmosférica causada por raios altamente
energéticos vindos do espaço.
Uma explosão rápida, com
emissão de montes de partículas
pesadas (os chamados hádrons,
dos quais os representantes mais
famosos são os prótons e os nêutrons) e um estranho padrão visual: a parte de cima bem menor
que a de baixo. Por essa distribuição esquisita, o fenômeno foi batizado de centauro, ser mítico com
corpo equino e tronco humano.
Até hoje, poucos eventos desse
tipo foram observados. "Os dados
são poucos. A comunidade internacional tem menos de uma dezena desses eventos registrados",
afirma Edison Shibuya, da Unicamp, que participou do trabalho
original e continua à procura de
uma explicação satisfatória para o
fenômeno. Seu modelo começa a
se aproximar do que foi observado em duas ocasiões em que foram vistos centauros. Mas ainda
há controvérsia.
"O modelo mais antigo, que
ainda sobrevive até hoje, sugere
que o fenômeno já começaria fora
da atmosfera", diz Shibuya. "Mas
para mim isso não bate."
Em vez disso, ele acha que o fenômeno é resultado da interação
entre partículas vindas do espaço
e o ar, num choque incomum de
partículas. Devido às energias envolvidas, produziria uma infinidade de hádrons, como acontece
em aceleradores de partículas.
O trio liderado pelo grego Tomaras vai ainda mais longe e sugere que o choque monumental
produziria um buraco negro de
dimensões mínimas. Tal fenômeno poderia existir por períodos ridiculamente curtos de tempo, segundo o pouco que se entende de
efeitos gravitacionais na escala
quântica. Para que essa explicação dos centauros esteja correta,
entretanto, o Universo deveria ter
mais que as quatro dimensões hoje conhecidas -tema de fortes
debates hoje na física.
Talvez a razão esteja mesmo
com Cesar Lattes. "Os centauros
são um resultado empírico poucas vezes observado -de garantido, só temos um", disse. "É prematuro fazer teoria agora."
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