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Gene mutante prolonga vida de mosca
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Ninguém poderia imaginar que
o segredo da longevidade pudesse
não estar com Matusalém, mas
sim com o Chico -não uma pessoa, mas o gene, que pertence à
mosca-das-frutas (Drosophila
melanogaster) e pode até ter um
correspondente no ser humano.
Cientistas do University College
de Londres descobriram que uma
mutação no Chico aumenta em
até 48% a vida das mosquinhas.
Outra pesquisa, feita na Universidade Brown, EUA, investigou
um gene do mesmo tipo nas moscas, o InR. Sua versão mutante
deu longevidade até 85% maior.
Mas a chave para retardar o envelhecimento não é simples assim.
Moscas com um Chico mutante
e um normal viveram mais, mas
com problemas de fertilidade. As
que tinham duas cópias mutantes, além de inférteis, eram anãs.
Problemas similares surgiram
com o InR, mas alguns cientistas
acreditam estar diante de um
bom meio para prolongar a vida.
"O nanismo é recessivo (precisa
de duas cópias mutantes para se
manifestar), mas o prolongamento da vida é dominante (precisa
apenas de uma cópia). Talvez seja
possível evitar os problemas e
ainda assim aumentar a longevidade", diz David Gems, um dos
cientistas que estudaram o Chico.
Já Marc Tatar, que estudou o
InR, afirma que envelhecer é um
subproduto da atividade necessária à reprodução. "Talvez possamos diminuir o ritmo de envelhecimento, mas o custo será pago
com nossa capacidade reprodutiva." Os dois estudos saem hoje na
"Science".
(SALVADOR NOGUEIRA)
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