São Paulo, sexta-feira, 06 de abril de 2001

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Gene mutante prolonga vida de mosca

FREE-LANCE PARA A FOLHA

Ninguém poderia imaginar que o segredo da longevidade pudesse não estar com Matusalém, mas sim com o Chico -não uma pessoa, mas o gene, que pertence à mosca-das-frutas (Drosophila melanogaster) e pode até ter um correspondente no ser humano.
Cientistas do University College de Londres descobriram que uma mutação no Chico aumenta em até 48% a vida das mosquinhas.
Outra pesquisa, feita na Universidade Brown, EUA, investigou um gene do mesmo tipo nas moscas, o InR. Sua versão mutante deu longevidade até 85% maior. Mas a chave para retardar o envelhecimento não é simples assim.
Moscas com um Chico mutante e um normal viveram mais, mas com problemas de fertilidade. As que tinham duas cópias mutantes, além de inférteis, eram anãs. Problemas similares surgiram com o InR, mas alguns cientistas acreditam estar diante de um bom meio para prolongar a vida.
"O nanismo é recessivo (precisa de duas cópias mutantes para se manifestar), mas o prolongamento da vida é dominante (precisa apenas de uma cópia). Talvez seja possível evitar os problemas e ainda assim aumentar a longevidade", diz David Gems, um dos cientistas que estudaram o Chico.
Já Marc Tatar, que estudou o InR, afirma que envelhecer é um subproduto da atividade necessária à reprodução. "Talvez possamos diminuir o ritmo de envelhecimento, mas o custo será pago com nossa capacidade reprodutiva." Os dois estudos saem hoje na "Science". (SALVADOR NOGUEIRA)


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