São Paulo, terça-feira, 06 de novembro de 2001

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VIROLOGIA

Estudo norte-americano acha nova classe de vírus capaz de driblar AZT

Mutação faz HIV enganar remédio

DA REDAÇÃO

Pesquisadores do CDC (Centro para Controle e Prevenção de Doenças, dos EUA) identificaram uma nova classe de HIV, o vírus que causa a Aids, capaz de resistir ao AZT, uma das drogas para tratar a infecção.
Analisando amostras de vírus de 603 pacientes que ainda não haviam começado a receber tratamento, a equipe do espanhol Gerardo García-Lerma, do CDC, descobriu que 3% deles possuíam uma pequena mutação em um gene específico que, em presença do AZT, os fazia evoluir para um tipo de vírus 16 vezes mais resistente àquela droga que a média.
A resistência do HIV aos medicamentos usados para combatê-lo é um velho pesadelo dos cientistas que buscam terapias contra a Aids. Desde o final dos anos 80, quando os chamados inibidores de transcriptase reversa, como o AZT, começaram a ser usados, os médicos têm descoberto linhagens mutantes do vírus com resistência a essa categoria de droga.
Os mutantes identificados no estudo do CDC, publicado hoje na revista científica "PNAS" (www.pnas.org), têm duas "letras" químicas trocadas na posição 215 do gene da transcriptase reversa. Em vez de produzir o aminoácido treonina, eles passam a produzir ácido aspártico ou cisteína. Até aí tudo bem, pois mesmo assim eles são suscetíveis.
O problema é que, na presença da droga, essas linhagens sofrem a troca de uma letra na sequência de DNA, gerando vírus que produzem o aminoácido tirosina naquela posição do gene.
A mutação, conhecida como 215Y, resiste ao AZT. "Essas mutações são selecionadas porque dão vantagem ao vírus em presença da droga", disse García-Lerma à Folha. "Mas ainda não sabemos qual é o efeito delas no tratamento quando se combinam outras drogas".
Segundo o pesquisador, a descoberta alerta para a necessidade de fazer testes de resistência ao AZT antes de começar a tratar um paciente. Isso evitaria a administração inicial da droga e o surgimento de linhagens resistentes.


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