|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
BIOTECNOLOGIA
Peça escrita por roteirista de novela e cientista desliza em conteúdo
DNA vira personagem de comédia
LUISA MASSARANI
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Às vésperas dos 50 anos da elucidação de sua estrutura, o DNA
(ácido desoxirribonucléico) virou
tema de peça de teatro, cuja leitura foi feita anteontem no Rio. O
roteiro de "DNA: Nossa Comédia" resulta de uma parceria entre
Thiago Santiago, que colaborou
no roteiro da novela "Uga Uga"
(Globo, 2000), e Leila Oda, da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) e
presidente da ANBio (Associação
Nacional de Biossegurança).
"Nosso objetivo ao escrever a
peça foi permitir o debate e a reflexão sobre os temas que surgem
com as novas aplicações da biotecnologia", explica Oda.
A peça tem como fio condutor o
romance entre o ambientalista
Mário Albieri e a dra. Luísa Magaldi, professora de uma universidade federal, que apresentam
pontos de vista distintos sobre as
aplicações da biotecnologia.
Albieri é um ferrenho opositor
dos alimentos transgênicos e
preocupa-se em resgatar o conhecimento dos povos antigos. Já
Luísa é uma entusiasta da ciência
e, em particular, da biotecnologia,
ressaltando seu potencial para o
combate a doenças.
Luísa, que parece personificar a
própria Leila Oda, busca fazer um
paralelo entre o cenário atual e
outros momentos em que cientistas inovadores, como Galileu, foram mal compreendidos pela sociedade. Para ela, a resistência à
biotecnologia é resultado do temor pelo novo e desconhecido.
Alguns deslizes de conteúdo
científico podem ser observados
na primeira versão do roteiro. O
ácido acetilsalicílico, por exemplo, virou vitamina C em vez de
aspirina. O mosquito transgênico
seria resistente a vírus e, portanto,
não transmitiria a malária (causada por um protozoário).
A peça faz parte do projeto Arte
e Ciência para a Sociedade, da
ANBio, que teve financiamento
de R$ 100 mil do CNPq (Conselho
Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico).
Com direção de Bibi Ferreira,
deve estrear em São Paulo no início de 2003. No Rio, a produção
ainda depende de patrocínio.
Texto Anterior: Clima: Estudo culpa diesel por aquecimento global Próximo Texto: Panorâmica - Bioética: Governo Lula pode ter comissão nacional Índice
|