São Paulo, quarta-feira, 06 de novembro de 2002

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BIOTECNOLOGIA

Peça escrita por roteirista de novela e cientista desliza em conteúdo

DNA vira personagem de comédia

LUISA MASSARANI
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Às vésperas dos 50 anos da elucidação de sua estrutura, o DNA (ácido desoxirribonucléico) virou tema de peça de teatro, cuja leitura foi feita anteontem no Rio. O roteiro de "DNA: Nossa Comédia" resulta de uma parceria entre Thiago Santiago, que colaborou no roteiro da novela "Uga Uga" (Globo, 2000), e Leila Oda, da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) e presidente da ANBio (Associação Nacional de Biossegurança).
"Nosso objetivo ao escrever a peça foi permitir o debate e a reflexão sobre os temas que surgem com as novas aplicações da biotecnologia", explica Oda.
A peça tem como fio condutor o romance entre o ambientalista Mário Albieri e a dra. Luísa Magaldi, professora de uma universidade federal, que apresentam pontos de vista distintos sobre as aplicações da biotecnologia.
Albieri é um ferrenho opositor dos alimentos transgênicos e preocupa-se em resgatar o conhecimento dos povos antigos. Já Luísa é uma entusiasta da ciência e, em particular, da biotecnologia, ressaltando seu potencial para o combate a doenças.
Luísa, que parece personificar a própria Leila Oda, busca fazer um paralelo entre o cenário atual e outros momentos em que cientistas inovadores, como Galileu, foram mal compreendidos pela sociedade. Para ela, a resistência à biotecnologia é resultado do temor pelo novo e desconhecido.
Alguns deslizes de conteúdo científico podem ser observados na primeira versão do roteiro. O ácido acetilsalicílico, por exemplo, virou vitamina C em vez de aspirina. O mosquito transgênico seria resistente a vírus e, portanto, não transmitiria a malária (causada por um protozoário).
A peça faz parte do projeto Arte e Ciência para a Sociedade, da ANBio, que teve financiamento de R$ 100 mil do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico).
Com direção de Bibi Ferreira, deve estrear em São Paulo no início de 2003. No Rio, a produção ainda depende de patrocínio.


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