São Paulo, sexta-feira, 07 de abril de 2006

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CÂNCER

Vacina contra HPV é eficaz por 4,5 anos

MARCELO LEITE
COLUNISTA DA FOLHA

Se existe um campo da medicina preventiva que vem apresentando resultados quase sempre positivos, esse é o campo das vacinas contra o papilomavírus humano, principal causador do câncer cervical (no colo do útero). Anteontem, por exemplo, o periódico "The Lancet" anunciou que uma das vacinas em teste mantém a proteção até quatro anos e meio depois de ministrada.
O artigo trata da chamada vacina bivalente (contra os tipos 16 e 18 de HPV, sigla em inglês pela qual é conhecido o vírus), desenvolvida pela empresa farmacêutica Glaxo SmithKline (GSK). Foi publicado eletronicamente no "Lancet" (www.thelancet.com) e tem entre seus autores a brasileira Cecília Maria Roteli-Martins, do Hospital Nove de Julho e do Hospital Leonor Mendes de Barros, ambos de São Paulo. O estudo foi financiado pela GSK.
O estabelecimento da relação entre infecção por HPV, verrugas genitais femininas e tumores cervicais é a principal história de sucesso na pesquisa sobre câncer. É a relação causal mais forte já identificada na epidemiologia dessa doença. A descoberta motivou empresas farmacêuticas a partir em busca de vacinas baseadas em partículas dos vários tipos de HPV (há uma centena deles). A idéia é vacinar crianças e adolescentes antes de iniciarem a vida sexual, quando se expõem ao risco de infecção por HPV.
Em colaboração com Paulo Naud, Júlio Teixeira, Newton Carvalho e Paola Borba, Roteli-Martins recrutou no Brasil 448 das 776 mulheres participantes nesta fase do estudo. Outras 299 eram dos EUA, e 29, do Canadá. A primeira autora é Diane Harper, do Dartmouth College, Estados Unidos.
No Brasil, devem ocorrer este ano mais de 19 mil novos casos de câncer cervical, o segundo tipo mais comum de tumor feminino.
Harper e Roteli-Martins conduziram o que se chama de um estudo de seguimento. A eficácia da vacina bivalente já havia sido comprovada num primeiro estudo, publicado em 2005, com 1.113 pacientes. Um grupo menor de pacientes foi então acompanhado para ver se a proteção de 100% contra infecções pelo HPV-16 e pelo HPV-18 se mantinha.
Verificou-se que não ocorreram novas infecções por HPV e que continuavam em dia as defesas do corpo contra os vírus.


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