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CÂNCER
Vacina contra HPV é eficaz por 4,5 anos
MARCELO LEITE
COLUNISTA DA FOLHA
Se existe um campo da medicina preventiva que vem apresentando resultados quase sempre
positivos, esse é o campo das vacinas contra o papilomavírus humano, principal causador do câncer cervical (no colo do útero).
Anteontem, por exemplo, o periódico "The Lancet" anunciou
que uma das vacinas em teste
mantém a proteção até quatro
anos e meio depois de ministrada.
O artigo trata da chamada vacina bivalente (contra os tipos 16 e
18 de HPV, sigla em inglês pela
qual é conhecido o vírus), desenvolvida pela empresa farmacêutica Glaxo SmithKline (GSK). Foi
publicado eletronicamente no
"Lancet" (www.thelancet.com) e
tem entre seus autores a brasileira
Cecília Maria Roteli-Martins, do
Hospital Nove de Julho e do Hospital Leonor Mendes de Barros,
ambos de São Paulo. O estudo foi
financiado pela GSK.
O estabelecimento da relação
entre infecção por HPV, verrugas
genitais femininas e tumores cervicais é a principal história de sucesso na pesquisa sobre câncer. É
a relação causal mais forte já identificada na epidemiologia dessa
doença. A descoberta motivou
empresas farmacêuticas a partir
em busca de vacinas baseadas em
partículas dos vários tipos de
HPV (há uma centena deles). A
idéia é vacinar crianças e adolescentes antes de iniciarem a vida
sexual, quando se expõem ao risco de infecção por HPV.
Em colaboração com Paulo
Naud, Júlio Teixeira, Newton Carvalho e Paola Borba, Roteli-Martins recrutou no Brasil 448 das 776
mulheres participantes nesta fase
do estudo. Outras 299 eram dos
EUA, e 29, do Canadá. A primeira
autora é Diane Harper, do Dartmouth College, Estados Unidos.
No Brasil, devem ocorrer este
ano mais de 19 mil novos casos de
câncer cervical, o segundo tipo
mais comum de tumor feminino.
Harper e Roteli-Martins conduziram o que se chama de um estudo de seguimento. A eficácia da
vacina bivalente já havia sido
comprovada num primeiro estudo, publicado em 2005, com 1.113
pacientes. Um grupo menor de
pacientes foi então acompanhado
para ver se a proteção de 100%
contra infecções pelo HPV-16 e
pelo HPV-18 se mantinha.
Verificou-se que não ocorreram
novas infecções por HPV e que
continuavam em dia as defesas do
corpo contra os vírus.
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