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Argentino critica álcool e chora por Mato Grosso
DO ENVIADO A BRUXELAS
A polêmica do álcool, que ganhou destaque nesta semana
após as críticas do presidente
cubano Fidel Castro, chegou de
surpresa na reunião do IPCC
ontem, devido à intervenção do
climatologista argentino Osvaldo Canziani. Co-presidente do
grupo de trabalho que apresentou ontem seu relatório -no
qual não há menção ao etanol-
, Canziani surpreendeu a platéia ao criticar a atual ênfase
nos benefícios dos biocombustíveis, citando especificamente
o caso do Brasil.
"A maior preocupação da
América Latina são os produtores de biocombustíveis. Sou
crítico porque sei como eles são
produzidos, as monoculturas
que são feitas são destrutivas."
Canziani também afirmou
que o recente interesse dos
EUA na questão dos biocombustíveis é apenas um subterfúgio, já que o país não é signatário das reduções de emissões
de CO2 estabelecidas pelo Protocolo de Kyoto.
José Miguez, representante
do Ministério da Ciência e Tecnologia, que participou da reunião em Bruxelas, afirmou que
desconhecia a posição de Canziani sobre o álcool, já que o assunto não foi debatido.
"Isso não está nesse relatório, faz parte da mitigação, de
que vamos tratar no próximo
texto", disse Miguez, referindo
à reunião do IPCC na Tailândia
no final deste mês.
"Não sei por que ele está falando isso, possivelmente não
conhece o que é feito com biocombustível no Brasil", disse
Miguez. "Estamos em uma posição singular em termos de
efeito estufa justamente por
causa das fontes renováveis de
energia."
Declarando-se "paulista de
adoção", Canziani afirmou que
conheceu bem o Brasil durante
os 25 anos que trabalhou como
consultor da Organização Meteorológica Mundial.
"Conheci a célula da Mata
Atlântica, que não existe mais,
conheci o Amazonas, Mato
Grosso, onde não há mais nada,
porque plantaram soja para exportação, e agora, com os biocombustíveis, será terrível."
O argentino também é crítico em relação a seu país, onde
"a soja domina e o trigo para o
pão se acaba", e acusa os políticos.
(MAC)
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