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São Paulo, sábado, 07 de junho de 2003

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ESPAÇO

Primeiro de dois jipes robotizados para explorar superfície do planeta parte uma semana depois de missão européia

Nasa inicia amanhã novo ataque a Marte

SALVADOR NOGUEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

A invasão de Marte começou. Na última segunda-feira, a Europa enviou sua primeira missão interplanetária, composta por um módulo de aterrissagem e um orbitador. E amanhã sobe ao espaço o primeiro dos dois jipes robotizados norte-americanos que darão início a uma nova fase de exploração do planeta vermelho.
No total, serão cinco as naves em Marte. Além sonda dupla européia e das duas americanas, a Nozomi, sonda orbitadora japonesa, deve finalmente atingir o alvo, depois de anos vagando pelo espaço sem rumo e sem contato.
A exploração de Marte já começa a ganhar um sabor internacional, primeiro passo fundamental para o envio de missões tripuladas ao planeta vermelho.
"Vemos os "rovers" [jipes] gêmeos como passos fundamentais para o resto da década e para uma década futura de exploração de Marte, que irá no final fornecer o conhecimento necessário para a exploração humana", afirma Orlando Figueroa, diretor do Programa de Exploração de Marte no Quartel-General da Nasa, a agência aeroespacial norte-americana.
Cada coisa tem sua hora, entretanto. E os pesquisadores envolvidos nos MERs (sigla para Mars Exploration Rovers, como são chamados os dois robôs da Nasa) estão agora mais concentrados nas dificuldades do presente: a missão precisa ser bem-sucedida. "O clima é de grande excitação e expectativa", diz Paulo Antônio de Souza Júnior, físico da Companhia Vale do Rio Doce, em Vitória, que participou da confecção de um dos sistemas dos jipes.
No histórico da exploração marciana, há motivos para confiar e para desconfiar. As duas últimas tentativas de pousar um veículo no planeta falharam, em 1999, causando embaraços à Nasa. Em compensação, a única missão a ter usado um jipe para explorar o solo foi um sucesso. Em 1997, o robozinho Sojourner, da missão Pathfinder, atraiu os olhos do grande público para Marte.
A idéia é obter o mesmo efeito agora. Mas Souza Júnior defende que os MERs não sejam mera reprodução do Sojourner. "Os robôs são maiores e podem trafegar cem metros num único dia. O Sojourner trafegou 104 metros durante toda a missão Pathfinder."
Com tanto tráfego na rota Terra-Marte, muitos estão se perguntando se não haverá concorrência entre as missões. Segundo os envolvidos nos projetos, não será o caso: os "rovers" americanos são geólogos, e a sonda terrestre européia, a Beagle-2, é uma bióloga.
"As informações que a Beagle-2 trará do subsolo marciano não poderão ser obtidas com os MERs. A descrição geológica e a diversidade mineralógica da região do pouso só virão com a capacidade de locomoção dos robôs da Nasa", diz Souza Júnior.
Os resultados dos MERs devem ter ligação apenas indireta com a possibilidade de vida em Marte. Sua principal tarefa é caracterizar a composição do solo, dando ênfase à análise de sinais de água. Eles deverão acabar de vez com a discussão sobre o que escavou os canais na superfície -se água ou dióxido de carbono líquido. As apostas mais confiantes e consistentes vão na direção da água, mas não custa confirmar.
Ou melhor, custa. Os Mars Exploration Rovers são a missão mais cara da agência ao planeta vermelho desde a Mars Observer, que foi perdida em 1993. Contando lançamento, operações e o desenvolvimento das sondas, foram gastos US$ 800 milhões. A Observer custou mais de US$ 1 bilhão.


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