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CIÊNCIA
Pesquisadora dos EUA obtém resultados que reforçam críticas ao uso da engenharia genética na agricultura
Estudo alerta para superervas daninhas
MARCELO LEITE
especial para a Folha
Os críticos do uso da engenharia
genética na agricultura ganharam
um reforço ontem. Uma pesquisadora da Universidade do Estado
de Ohio (EUA) alertou para o risco de pés de canola geneticamente
modificados darem origem a superervas daninhas.
Allison Snow pesquisou o que
acontece com genes introduzidos
(transgenes) na canola, para criar
resistência a herbicidas, quando
são "contrabandeados" para
plantas silvestres. O estudo foi
apresentado na reunião anual da
Sociedade Americana de Ecologia,
em Baltimore (leste dos EUA).
A criação de resistência tem sido
cada vez mais pesquisada para aumentar a produtividade de espécies importantes, como soja, milho e trigo. É como acrescentar
uma linha ao programa bioquímico do vegetal, mandando-o ignorar o veneno do herbicida.
A canola (Brassica napus), da
qual se produz o óleo de cozinha
com o menor teor de gordura saturada, foi introduzida na América por europeus. Junto veio a erva
Brassica rapa, uma parente muito
próxima. Entre plantas, tal proximidade facilita troca de material
genético (hibridação).
A pesquisa de Snow comprovou
um temor dos ambientalistas:
mesmo capturando o transgene
que a torna resistente aos produtos químicos, a erva daninha manteve uma saúde de ferro.
É o oposto do que previam defensores de plantas transgênicas.
Para eles, os genes "contrabandeados" prejudicariam a reprodução da Brassica rapa. Snow verificou que elas produzem flores e
sementes como as normais.
Snow não crê que seu estudo seja
motivo para alarme, mas acha importante entender o que ocorre
em culturas transgênicas para poder adiar e até evitar possíveis consequências negativas.
Elibio Rech, 42, pesquisador do
Centro Nacional de Pesquisas em
Recursos Genéticos e Biotecnologia, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Cenargen-Embrapa), diz que o estudo
vale só para as plantas do gênero
Brassica.
Não há notícia de que o mesmo
ocorra com a soja, por exemplo,
de acordo com o pesquisador do
Cenargen.
Mas Rech prevê problemas para
uma eventual introdução no Brasil
de arroz transgênico, cujos genes
passariam para o arroz vermelho,
que se tornaria resistente.
Apesar disso, ele defende a autorização para o uso comercial no
país de variedades transgênicas.
Hoje, só são permitidos testes de
campo restritos.
Durante pelo menos cinco anos,
diz, a produtividade aumentaria.
Quando a resistência se espalhasse
pela variedade daninha, uma nova
linhagem poderia ser criada, com
outro gene. E assim por diante.
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