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MEDICINA
Experimentos preliminares com 55 casais conduzidos durante um ano na Austrália apresentaram bons resultados
Anticoncepcional masculino passa em teste
JEREMY LAURANCE
DO "INDEPENDENT"
O primeiro teste de um contraceptivo masculino em casais sexualmente ativos mostrou que o
método foi totalmente eficaz ao
evitar gravidez. O tratamento
hormonal -uma combinação de
um implante sob a pele e uma injeção a cada três meses- foi usado por 55 casais durante um ano.
O método não exigiu que os homens se lembrassem de tomar
uma pílula todos os dias, e nenhuma das parceiras engravidou. A
pesquisa, liderada por uma equipe australiana, foi publicada no
"Journal of Clinical Endocrinology and Metabolism" (jcem.en
dojournals.org).
David Baird, do Centro de Biologia Reprodutiva da Universidade de Edimburgo, um especialista
em contracepção masculina, disse
que a descoberta é um avanço significativo. "Parece que estamos
fazendo progressos em conseguir
uma pílula ou alguma forma de
contracepção masculina. Essa é
uma grande adição à literatura.
Haverá pequenas alterações aos
componentes usados, mas ela nos
ajuda nessa busca", disse.
Baird afirmou que há seis grupos no mundo testando versões
de um contraceptivo masculino
baseado numa combinação do
hormônio masculino testosterona e do feminino progestogênio.
Testes em voluntários no Reino
Unido mostraram que a combinação hormonal evitava a produção de espermatozóides em homens, mas os pesquisadores australianos, do Centro de Pesquisa
Anzac, em Sydney, foram os primeiros a mostrar que o método
funcionava em uma situação real,
quando usado por casais.
"Isso mostra o caminho para
um produto final na forma de
uma única injeção contendo testosterona e progestogênio que será aplicada facilmente por médicos locais a cada três ou quatro
meses e que preserva a saúde sexual", disse David Handelsman,
que liderou a pesquisa.
Agora, segundo ele, cabe às
companhias farmacêuticas desenvolver a pesquisa em um produto comercializável. Duas empresas, Organon e Schering, já
anunciaram no ano passado o interesse de criar uma droga assim.
A expectativa é ter um produto
viável em cinco anos, diz Baird.
No teste australiano, o implante
e as injeções oferecem redundância (por uma questão de segurança), mas sua função e seu funcionamento são basicamente os
mesmos -liberar os hormônios
na corrente sanguínea-, e a versão final do contraceptivo pode
acabar tendo uma dessas formas.
Pesquisas mostram que as mulheres se animam com a possibilidade de transferir a responsabilidade pela contracepção aos homens. Mas os especialistas esperam que o contraceptivo masculino encontre seu mercado entre
casais com relacionamentos estáveis. Um período provável de alta
demanda seria logo após a mulher dar à luz, no fase de amamentação, quando a pílula feminina
não é recomendada.
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