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São Paulo, terça-feira, 07 de outubro de 2003

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MEDICINA

Experimentos preliminares com 55 casais conduzidos durante um ano na Austrália apresentaram bons resultados

Anticoncepcional masculino passa em teste

JEREMY LAURANCE
DO "INDEPENDENT"

O primeiro teste de um contraceptivo masculino em casais sexualmente ativos mostrou que o método foi totalmente eficaz ao evitar gravidez. O tratamento hormonal -uma combinação de um implante sob a pele e uma injeção a cada três meses- foi usado por 55 casais durante um ano.
O método não exigiu que os homens se lembrassem de tomar uma pílula todos os dias, e nenhuma das parceiras engravidou. A pesquisa, liderada por uma equipe australiana, foi publicada no "Journal of Clinical Endocrinology and Metabolism" (jcem.en dojournals.org).
David Baird, do Centro de Biologia Reprodutiva da Universidade de Edimburgo, um especialista em contracepção masculina, disse que a descoberta é um avanço significativo. "Parece que estamos fazendo progressos em conseguir uma pílula ou alguma forma de contracepção masculina. Essa é uma grande adição à literatura. Haverá pequenas alterações aos componentes usados, mas ela nos ajuda nessa busca", disse.
Baird afirmou que há seis grupos no mundo testando versões de um contraceptivo masculino baseado numa combinação do hormônio masculino testosterona e do feminino progestogênio.
Testes em voluntários no Reino Unido mostraram que a combinação hormonal evitava a produção de espermatozóides em homens, mas os pesquisadores australianos, do Centro de Pesquisa Anzac, em Sydney, foram os primeiros a mostrar que o método funcionava em uma situação real, quando usado por casais.
"Isso mostra o caminho para um produto final na forma de uma única injeção contendo testosterona e progestogênio que será aplicada facilmente por médicos locais a cada três ou quatro meses e que preserva a saúde sexual", disse David Handelsman, que liderou a pesquisa.
Agora, segundo ele, cabe às companhias farmacêuticas desenvolver a pesquisa em um produto comercializável. Duas empresas, Organon e Schering, já anunciaram no ano passado o interesse de criar uma droga assim. A expectativa é ter um produto viável em cinco anos, diz Baird.
No teste australiano, o implante e as injeções oferecem redundância (por uma questão de segurança), mas sua função e seu funcionamento são basicamente os mesmos -liberar os hormônios na corrente sanguínea-, e a versão final do contraceptivo pode acabar tendo uma dessas formas.
Pesquisas mostram que as mulheres se animam com a possibilidade de transferir a responsabilidade pela contracepção aos homens. Mas os especialistas esperam que o contraceptivo masculino encontre seu mercado entre casais com relacionamentos estáveis. Um período provável de alta demanda seria logo após a mulher dar à luz, no fase de amamentação, quando a pílula feminina não é recomendada.


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