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São Paulo, terça-feira, 07 de outubro de 2003

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Técnica possui algumas limitações

DA REPORTAGEM LOCAL

As imagens obtidas por ressonância magnética são hoje peça fundamental no estudo do funcionamento do cérebro, o mais enigmático e essencial dos órgãos das formas de vida superiores. Ainda assim, a técnica apresenta um calcanhar-de-aquiles.
"O ponto fraco é a resolução temporal", diz Miguel Nicolelis, neurocientista brasileiro que trabalha na Universidade Duke, na Carolina do Norte, EUA.
Para entender o que isso quer dizer, basta lembrar como funcionam os filmes de cinema. A fim de produzir a ilusão de movimento, os filmes usam uma série de fotografias, que são exibidas uma em seguida da outra, numa taxa de 24 quadros por segundo.
Com a ressonância magnética, o melhor "filme" que se pode fazer da ativação de certos circuitos do cérebro gera um quadro a cada vários segundos. Todos os detalhes que ocorrem em milésimos de segundo são perdidos entre as imagens. Em outras palavras, a resolução temporal é baixa.
É o mesmo problema que existe nas tomografias por emissão de pósitrons (PET, na sigla em inglês), que exigem a injeção de moléculas marcadoras para a obtenção de resultados. Embora esse método ofereça maior versatilidade que as ressonâncias magnéticas na quantidade de substâncias que podem ser detectadas no exame, cada imagem pode levar minutos para ser obtida.
Há aparelhos também não-invasivos, chamados magnetencefalógrafos, que são capazes de atingir a resolução temporal de milissegundos, ideal para o acompanhamento dos processos mais rápidos do cérebro. Mas, neles, o problema é a resolução espacial: mostra-se difícil dizer com exatidão de que local da cabeça está vindo um determinado sinal.
Apesar da baixa resolução temporal, a ressonância magnética oferece um grande conjunto de vantagens e é uma das ferramentas mais usadas hoje, no hospital e no laboratório.
"É uma revolução, não só para diagnósticos, mas também para estudos feitos em animais e seres humanos", diz Nicolelis, que não se surpreendeu com o prêmio. "A surpresa na verdade é que tenha demorado tanto."
(SALVADOR NOGUEIRA)


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