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Técnica possui algumas limitações
DA REPORTAGEM LOCAL
As imagens obtidas por ressonância magnética são hoje peça
fundamental no estudo do funcionamento do cérebro, o mais
enigmático e essencial dos órgãos
das formas de vida superiores.
Ainda assim, a técnica apresenta
um calcanhar-de-aquiles.
"O ponto fraco é a resolução
temporal", diz Miguel Nicolelis,
neurocientista brasileiro que trabalha na Universidade Duke, na
Carolina do Norte, EUA.
Para entender o que isso quer
dizer, basta lembrar como funcionam os filmes de cinema. A fim de
produzir a ilusão de movimento,
os filmes usam uma série de fotografias, que são exibidas uma em
seguida da outra, numa taxa de 24
quadros por segundo.
Com a ressonância magnética, o
melhor "filme" que se pode fazer
da ativação de certos circuitos do
cérebro gera um quadro a cada
vários segundos. Todos os detalhes que ocorrem em milésimos
de segundo são perdidos entre as
imagens. Em outras palavras, a
resolução temporal é baixa.
É o mesmo problema que existe
nas tomografias por emissão de
pósitrons (PET, na sigla em inglês), que exigem a injeção de moléculas marcadoras para a obtenção de resultados. Embora esse
método ofereça maior versatilidade que as ressonâncias magnéticas na quantidade de substâncias
que podem ser detectadas no exame, cada imagem pode levar minutos para ser obtida.
Há aparelhos também não-invasivos, chamados magnetencefalógrafos, que são capazes de
atingir a resolução temporal de
milissegundos, ideal para o acompanhamento dos processos mais
rápidos do cérebro. Mas, neles, o
problema é a resolução espacial:
mostra-se difícil dizer com exatidão de que local da cabeça está
vindo um determinado sinal.
Apesar da baixa resolução temporal, a ressonância magnética
oferece um grande conjunto de
vantagens e é uma das ferramentas mais usadas hoje, no hospital e
no laboratório.
"É uma revolução, não só para
diagnósticos, mas também para
estudos feitos em animais e seres
humanos", diz Nicolelis, que não
se surpreendeu com o prêmio. "A
surpresa na verdade é que tenha
demorado tanto."
(SALVADOR NOGUEIRA)
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