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AMBIENTE
Total acumulado alcança 653 mil km2 de floresta derrubada, área equivalente às de França e Portugal somadas
Desmatamento na Amazônia cresce 2%
LUCIANA CONSTANTINO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A estimativa de desmatamento
na Amazônia ficou em 23.750 km2
para o período 2002-2003, segundo dados divulgados ontem pelo
governo federal. Com isso, a região amazônica já perdeu 16,3%
da área de floresta desde a década
de 1970. São 653 mil km2, equivalentes aproximadamente aos territórios da França e de Portugal.
O dado representa um crescimento de 2% em relação à confirmação da área devastada entre
2001-2002, percentual que está
dentro da margem de erro do Inpe (entre 4% e 5%).
Apesar de estar abaixo da expectativa inicial, tanto do governo
como de entidades ligadas ao setor, a estimativa ficou em um patamar "inaceitável", "gravíssimo"
e "intolerável", de acordo com os
ministros José Dirceu (Casa Civil)
e Marina Silva (Meio Ambiente).
Em comparação com outras
áreas contínuas de floresta tropical no mundo, em que pelo menos metade da mata já foi destruída, o dado de 16,3% parece reduzido. Mas é preciso levar em conta
que se trata da maior extensão de
floresta desse tipo, cerca de 4 milhões de km2 -metade do Brasil.
Um grupo de 25 cidades em três
Estados -Mato Grosso, Pará e
Rondônia- concentrou praticamente 50% da área devastada em
2003, sendo São Félix do Xingu
(PA) o campeão, com 1.332 km2.
Mato Grosso lidera o ranking de
desmatamento entre os Estados,
com 10.416 km2. Atrás vem Pará,
com 7.293 km2.
Segundo o governo, a maior
parte do desmatamento em Mato
Grosso é ilegal. Uma situação grave, porque é o Estado com o sistema mais avançado de licenciamento ambiental.
Do total desmatado em áreas
protegidas, as unidades indígenas
apresentaram aumento de
57,33% de devastação, representando 682 km2. Desses, a maior
parte está na área Apyterewa. Por
outro lado, as áreas federais e estaduais tiveram retração, 23,45%
e 6,10%, respectivamente.
"Pela primeira vez, o anúncio
dos dados não é um ato isolado do
ministério, mas uma ação de governo. [O desmatamento] não é
algo que se resolve em um ano",
disse Marina Silva. "Não estamos
implantando ações que possam
dar frase de efeito, mas que são estruturantes."
Como era esperado, a confirmação da área devastada em 2001-2002 também ficou abaixo da estimativa inicial, fechando em
23.266 km2. Isso representa um
aumento de 28% em comparação
ao período 2000-2001. A marca
divulgada no ano passado havia
sido de 25.476 km2, o que projetava um aumento de 40%.
O governo aponta entre as causas do desmatamento a expansão
da pecuária e da agricultura, principalmente soja, a grilagem de terras públicas e a exploração predatória de madeira. Para combatê-las, o ministro José Dirceu disse
que o governo tem o Plano de
Ação para Prevenção e Controle
do Desmatamento na Amazônia.
Destacou entre as ações o sistema de alerta para detectar em
tempo real o desmatamento (a ser
inaugurado no próximo dia 13), a
criação de novas áreas de conservação (um total de 134 mil km2) e
um acordo de cooperação entre
ministérios para a fiscalização integrada, inclusive com Estados.
O acordo foi assinado ontem
entre Justiça, Meio Ambiente, Defesa e Desenvolvimento Agrário.
Com isso, o Exército passa a fornecer helicópteros para o Ibama
fazer as fiscalizações. Com isso, o
órgão gastará 30% do que investia
no aluguel de aeronaves.
As equipes de fiscalização também terão, a partir deste mês, representantes do Ministério do
Trabalho, Incra, Receita Federal e
polícias Rodoviária e Federal,
além do Ibama, cujo número de
bases sobe de 4 para 19.
Já a criação das unidades de
conservação priorizará a Terra do
Meio, o noroeste de Mato Grosso
e o sudeste de Amazonas.
Colaborou a Redação
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