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Rede internacional de proteção à biodiversidade tem vários "furos"
RICARDO BONALUME NETO
DA REPORTAGEM LOCAL
A rede mundial de proteção à
biodiversidade está furada. Ela
deixa de fora em torno de 300 espécies de vertebrados fortemente
ameaçadas de extinção, além de
outras 237 em perigo e outras 237
vulneráveis. Essas "espécies-lacuna" incluem aves, mamíferos, anfíbios e tartarugas.
Esses números surgem de um
levantamento -que teve a colaboração de centenas de cientistas- de informações sobre a distribuição em todo o planeta de
11.633 espécies animais. O trabalho sai hoje na revista "Nature",
com autoria de 21 pesquisadores.
"Nós sobrepusemos os mapas
de distribuição de espécies de
mais de 11 mil espécies e os mapas
das áreas protegidas, em sistemas
de informação geográfica, e vimos quais ficaram de fora, quais
caíram da peneira", disse à Folha
a bióloga portuguesa Ana Rodrigues, 30, coordenadora do trabalho e pesquisadora associada do
Centro de Ciências Aplicadas à
Biodiversidade da ONG Conservação Internacional (CI).
Essas espécies todas sem proteção ambiental mostram que a estratégia mundial de preservação
da biodiversidade tem de ser reformulada. Em 1992, no Congresso Mundial de Parques, ficou estabelecido que o ideal seria ter
10% da área terrestre do planeta
protegida em reservas.
Apesar de hoje esse percentual
ter sido até superado, chegando
perto de 12%, ficaram de fora
muitas espécies "endêmicas"
-nativas de apenas uma região.
"No Brasil, 11% das espécies que
são lacunas são endêmicas", diz
Gustavo Fonseca, 46, vice-presidente executivo de Ciência na CI e
professor de zoologia da Universidade Federal de Minas Gerais
(UFMG), co-autor do estudo.
Para ele, a conservação deve privilegiar os lugares com grandes
concentrações de espécies ameaçadas e endêmicas. Como elas só
existem ali, a perda será irreparável se forem extintas.
O Brasil é um país importante
para a conservação da biodiversidade mundial, pois tem quantidade muito grande de espécies restritas ao território do país. "A nossa responsabilidade é planetária",
diz Fonseca. "Sobretudo a mata
atlântica tem essas espécies endêmicas", diz Ana Rodrigues.
Os pesquisadores dividiram o
mundo em quadrículas para sobrepor a distribuição dos animais
e a de unidades de conservação.
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