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EXPLORAÇÃO
Zheng He dominou o Índico a partir de 1405
China prepara festa dos 600 anos das viagens do "Colombo" asiático
CLÁUDIA TREVISAN
DE PEQUIM
A China anunciou que fará no
próximo ano uma megacelebração dos 600 anos da primeira viagem de Zheng He, navegador que
realizou as maiores expedições
marítimas da história e, segundo
algumas teorias, esteve na América antes de Cristóvão Colombo.
Ainda pouco conhecido no Ocidente, Zheng realizou suas viagens em um período de 28 anos,
entre 1405 e 1433. No próximo domingo se completam 599 anos de
sua expedição inaugural, que traçou pela primeira vez a rota entre
a Ásia e a costa leste da África,
através do oceano Índico.
O tamanho das esquadras lideradas pelo navegador chinês
-também chamado de Cheng
Ho- não tem paralelo na história. Sua primeira expedição tinha
280 navios e 27.800 homens. Oitenta e sete anos depois, Colombo
descobriu a América do Norte
com três navios e menos de 300
homens. As embarcações chinesas tinham 120 metros e eram cinco vezes maiores que as de Colombo, de 24 metros.
Zheng He realizou sete expedições até morrer, em 1433. A maioria tinha proporções semelhantes
à primeira. Em suas viagens, ele
visitou 37 países, alcançando o
Golfo Pérsico e a costa do Quênia.
Na África, presenteou os governantes locais com seda e porcelanas. Trouxe de volta girafas.
Em 2002, o integrante da Marinha britânica Gavin Menzies lançou o livro "1421: The Year China
Discovered America", no qual defende que Zheng He esteve na
América antes de Colombo. A tese vem ganhando adeptos, mas
está longe de ser consenso.
O próprio governo chinês é cauteloso. Yang Xiong, um representante do Ministério das Comunicações que deu entrevista ontem
sobre as celebrações do próximo
ano, afirmou que a passagem ou
não de Zheng He pela América é
uma questão acadêmica que ainda precisa ser muito discutida.
Recado diplomático
O governo chinês espera que as
festividades do ano que vem ajudem a aplacar temores ocidentais
sobre as possíveis ambições militares do país, que está cada vez
mais próspero, lembrando a "diplomacia pacífica" de Zheng.
"Em vez de ocupar um só território, construir um forte e procurar um tesouro, Zheng He tratou
outros países com amizade", disse Xu Zuyuan, do Ministério das
Comunicações. "Achamos que o
legado das sete viagens de Zheng
He para o Oeste é que um crescimento pacífico é o resultado inevitável da história da China."
Muçulmano, de família pobre,
Zheng He foi capturado pelo
Exército chinês e castrado quando criança. Depois disso, ele se dedicou ao estudo de línguas e de filosofia, até começar a trabalhar na
corte da dinastia Ming. Zheng começou suas expedições aos 32
anos de idade e só parou de navegar quando morreu, aos 60.
Depois que o último navio de
sua esquadra voltou à China, o
governo começou a desmontá-la.
Líderes cada vez mais xenofóbicos suspenderam viagens posteriores e fecharam o país, banindo
o comércio externo. Alguns historiadores culpam essa hostilidade
pelo declínio do império chinês.
Com Associated Press
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