São Paulo, quarta-feira, 09 de outubro de 2002

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AMBIENTE

"Livro Vermelho" publicado ontem tem 11.167 animais e plantas que correm risco de extinção, vários deles no Brasil

Lista de ameaçados tem 121 novas espécies

STEVE CONNOR
DO "THE INDEPENDENT"

Mais de cem espécies, abrangendo desde um pequeno rato d'água até um camelo selvagem, foram incluídas na lista das mais ameaçadas do mundo.
O "Livro Vermelho das Espécies Ameaçadas", compilado pela União Internacional para a Conservação da Natureza, (IUCN), foi publicado ontem. A relação traz detalhes sobre 11.167 animais e plantas que estão reconhecidamente correndo o risco de extinção -um acréscimo de 121 espécies desde que a lista foi publicada pela última vez, em 2000.
A reavaliação, no entanto, conduziu a algumas boas notícias. Um pequeno número de espécies que eram consideradas desaparecidas, como bicho-pau da ilha Lorde Howe (Austrália) e o arganaz (um tipo de roedor) das florestas de coníferas da Baviera (Alemanha), foram redescobertos desde 2000.
Entre os que foram incluídos na lista dos ameaçados de extinção está o saiga, um antílope nômade que habita as estepes e desertos semi-áridos da Ásia Central. A caça ilegal para obtenção de carne e para a exportação dos chifres do antílope (usados na medicina tradicional) conduziram a um drástico declínio da espécie. Já houve um tempo em que ela contava mais de 1 milhão de espécimes, mas agora se acredita que sua população consista em menos de 50 mil animais.
Outro animal recém-classificado como ameaçado é o camelo bactriano, que habita a China e a Mongólia. O animal tem sido abatido porque concorre por água e áreas de pastagem com camelos domesticados.
Cientistas avisam que o lince ibérico, que também foi acrescentado à lista, pode se tornar a primeira espécie de felino selvagem a extinguir-se em mais de 2.000 anos, em razão do estado periclitante de sua população em condições de reproduzir-se.
Sobrevive atualmente menos da metade da população de 1.200 linces registrada no ano de 1990, a maior parte dela confinada a grupos esparsos no sudoeste da Espanha e em Portugal.
O registro de um único espécime do rato d'água da Etiópia, encontrado perto da nascente do rio Pequeno Abbai, um afluente do Nilo Azul, levou à sua inclusão no "Livro Vermelho" da IUCN pela primeira vez.
No subcontinente indiano, pesquisadores acreditam que o abutre-de-bico-estreito e o abutre indiano estão em perigo por causa de doenças, envenenamento, pesticidas e mudanças na maneira de tratar carcaças de gado.
Os cientistas avaliaram mais de 400 espécies de animais e de plantas. Para figurar no "Livro Vermelho" elas têm de estar em uma das três categorias: criticamente ameaçadas, ameaçadas ou vulneráveis a extinção.

Brasil
A relação publicada pela IUCN afirma que Indonésia, Índia, Brasil e China são os países em que há mais espécies ameaçadas de mamíferos e de pássaros. Já no caso das plantas em risco, os maiores declínios de população são observados nas Américas Central e do Sul, na África Central e na África Central, além do Sudeste Asiático.
Os habitats com o maior número de mamíferos e pássaros ameaçados são em geral planícies e florestas tropicais úmidas de montanhas. Também são extremamente vulneráveis ambientes como corpos de água doce, com muitas espécies ameaçadas de peixes, répteis, anfíbios e invertebrados.
A informação compilada pela IUCN foi enviada por uma rede de 7.000 especialistas, e contém ainda dados de organizações não-governamentais (ONGs) com que mantém parcerias, como a BirdLife International.


Com agências internacionais



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