São Paulo, quarta-feira, 09 de outubro de 2002

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"Estou me divertindo", afirma Giacconi

FREE-LANCE PARA A FOLHA

Cansado depois de atender jornalistas do mundo todo por telefone, mas ainda bem-humorado, o genovês Riccardo Giacconi, 71, falou à reportagem da Folha de seu escritório na Associated Universities, Inc., em Washington -organização sem fins lucrativos que reúne num mesmo campus da capital norte-americana as principais universidades da Costa Leste dos Estados Unidos, como Harvard, Yale e Johns Hopkins.
Na Associated Universities, Giacconi lidera o Observatório Nacional de Radioastronomia, que se dedica a observar o espaço usando ondas de rádio ou raios X. Com forte sotaque italiano, apesar das décadas nos EUA, o astrofísico disse que ainda está longe de se aposentar. "Estou me divertindo demais para isso", afirma. Leia a seguir os principais trechos da entrevista.

Riccardo Giacconi -Eu estava dormindo quando recebi uma ligação do presidente da Real Academia Sueca de Ciências [entidade encarregada de escolher os ganhadores do prêmio]. A princípio eu não acreditei muito, mas depois chamei minha mulher e o resto de minha família. É maravilhoso para mim, para meus filhos e netos e, claro, bom para o meu campo de pesquisa, que ainda é muito jovem.

Folha - E como foi receber metade do prêmio [cerca de US$ 500 mil], enquanto os outros dois vencedores só ganharam um quarto?
Giacconi -
Bom, acho que me sinto grato [risos". Na verdade, o que eles fizeram foi premiar pesquisadores de duas áreas diferentes, e eu fui sortudo o suficiente para ficar com metade do prêmio só para mim [risos". Mas todos trabalharam em equipe, embora só eu tenha recebido o prêmio no lado das pesquisas com raios X.

Folha - Qual a conexão que o sr. vê entre os dois trabalhos?
Giacconi -
As pesquisas são tecnicamente muito diferentes, já que eu trabalho com raios e, no campo dos neutrinos, eles usam partículas. Mas há muitos pontos de contato. Nós não estamos tentando entender dois Universos, mas um só Universo, usando dois instrumentos diferentes.

Folha - O sr. atingiu o topo da sua profissão com o Nobel. O que vem pela frente? Tem intenção de se aposentar?
Giacconi -
Sinceramente, não tenho nem idéia [risos". Essa é uma pergunta difícil, sabe? Sinto-me realmente grato por ainda poder estar ligado à pesquisa. Acho que ainda estou sendo produtivo e contribuindo para o trabalho na minha área. E não vou me aposentar tão cedo -estou me divertindo demais para isso! (RJL)



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