São Paulo, quinta-feira, 10 de fevereiro de 2000


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Gene pode melhorar atuação de atletas

RICARDO BONALUME NETO
especial para a Folha

Uma variante de um gene pode explicar por que alguns atletas conseguem bater recordes e outros não, obtendo aquele esforço extra que faz a diferença entre uma medalha olímpica e a volta antecipada para casa.
Estudos com recrutas no Reino Unido mostraram que aqueles que tinham a variante mais alongada do gene ACE conseguiam aumentar a eficiência dos músculos no uso de energia em até 8,62%, enquanto os que tinham a variante menor perdiam um pouco da eficiência, menos 0,39%.
A pesquisa foi feita por Hugh Montgomery, da Fundação Britânica do Coração, e mais oito colegas. O artigo descrevendo os achados está publicado na edição de hoje da revista "Nature".
A equipe monitorou um grupo de 58 recrutas do exército, todos caucasianos, 35 dos quais tinham a variante (ou alelo) alongada, e 23, a versão menor. Eles faziam exercícios em bicicleta ergométrica, e sua respiração era medida para se calcular a energia gasta.
"Nossos resultados têm consequências além da atividade esportiva", diz Montgomery. Para os pesquisadores, a melhora na eficiência mecânica dos músculos pode ser benéfica nos casos de problemas cardiovasculares.
Por exemplo, dizem eles, durante um ataque cardíaco, o suprimento limitado de sangue para o coração significa que há uma perda repentina na absorção de oxigênio e, portanto, um aumento da eficiência muscular seria uma vantagem.
Os cientistas não sabem qual o motivo da maior eficiência dos músculos exercitados das pessoas com o alelo ACE alongado.
ACE é a sigla em inglês para "enzima conversora de angiotensina", uma proteína vasoconstritora (que provoca a contração dos vasos sanguíneos).
Pode ser, especulam os pesquisadores, que a menor atividade da enzima ACE produza nos músculos concentrações locais de óxido nítrico, uma substância capaz de estimular a ação de contração muscular.


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