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Gene pode melhorar
atuação de atletas
RICARDO BONALUME NETO
especial para a Folha
Uma variante de um gene pode
explicar por que alguns atletas
conseguem bater recordes e outros não, obtendo aquele esforço
extra que faz a diferença entre
uma medalha olímpica e a volta
antecipada para casa.
Estudos com recrutas no Reino
Unido mostraram que aqueles
que tinham a variante mais alongada do gene ACE conseguiam
aumentar a eficiência dos músculos no uso de energia em até
8,62%, enquanto os que tinham a
variante menor perdiam um pouco da eficiência, menos 0,39%.
A pesquisa foi feita por Hugh
Montgomery, da Fundação Britânica do Coração, e mais oito colegas. O artigo descrevendo os
achados está publicado na edição
de hoje da revista "Nature".
A equipe monitorou um grupo
de 58 recrutas do exército, todos
caucasianos, 35 dos quais tinham
a variante (ou alelo) alongada, e
23, a versão menor. Eles faziam
exercícios em bicicleta ergométrica, e sua respiração era medida
para se calcular a energia gasta.
"Nossos resultados têm consequências além da atividade esportiva", diz Montgomery. Para os
pesquisadores, a melhora na eficiência mecânica dos músculos
pode ser benéfica nos casos de
problemas cardiovasculares.
Por exemplo, dizem eles, durante um ataque cardíaco, o suprimento limitado de sangue para
o coração significa que há uma
perda repentina na absorção de
oxigênio e, portanto, um aumento da eficiência muscular seria
uma vantagem.
Os cientistas não sabem qual o
motivo da maior eficiência dos
músculos exercitados das pessoas
com o alelo ACE alongado.
ACE é a sigla em inglês para
"enzima conversora de angiotensina", uma proteína vasoconstritora (que provoca a contração dos
vasos sanguíneos).
Pode ser, especulam os pesquisadores, que a menor atividade da
enzima ACE produza nos músculos concentrações locais de óxido
nítrico, uma substância capaz de
estimular a ação de contração
muscular.
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