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AMBIENTE
Relatório do WWF aponta que o uso dos recursos naturais em 1999 foi 20% maior que a capacidade de reposição
Consumo humano rompe limite natural
SALVADOR NOGUEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Os humanos estão consumindo
os recursos da Terra mais rápido
do que eles são capazes de se regenerar. A taxa de consumo já foi
20% maior que a de recuperação
em 1999 e essa tendência de aumento está longe de ser contida.
Os dados, divulgados ontem em
um novo relatório da ONG ambientalista internacional WWF,
mostram uma velha preocupação, mas com um novo viés. "Pela
primeira vez nós conseguimos
contabilizar os gastos com energia", diz Garo Batmanian, secretário-geral do WWF no Brasil.
O relatório "Planeta Vivo 2002"
(disponível na internet, em inglês,
em www.wwf.org.br) usa como
principal índice o que eles chamam de Pegada Ecológica -uma
forma de computar o quanto o
consumo de um país exigiria em
termos de território para a manutenção do equilíbrio. "Por exemplo, se você emite tanto de gás carbônico na atmosfera para produzir energia, quanta floresta você
precisaria ter para compensar pelo dispêndio", explica Batmanian.
Tirando a média, cada habitante
da Terra precisaria, em 1999, de
2,3 hectares para compensar por
seu consumo. Ocorre que, segundo o WWF, no planeta só há 1,9
hectare para cada um. "É como se
estivéssemos usando o cheque especial e gastando 20% a mais do
que nosso salário", diz Batmanian. "E, se seguirmos nesse ritmo, em 2050 estaremos gastando
duas vezes o nosso salário."
A solução para evitar que o
"banco" da natureza apareça um
dia para cobrar as dívidas exorbitantes, segundo o WWF, é apostar
em tecnologia: desenvolver técnicas agrícolas mais eficientes, trocar fontes de energia tradicionais
por outras mais limpas e reduzir o
consumo. Essas são justamente
estratégias que envolvem o conceito de "desenvolvimento sustentável" -tema central da Rio
+10, cúpula da ONU que ocorre
em Johannesburgo (África do
Sul), no fim do mês que vem.
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