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CIÊNCIA
Acidente mata Conrad, o 3º a pisar na Lua
CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
da Sucursal de Brasília
O terceiro homem a pisar na
Lua, Charles Conrad, morreu vítima de acidente de motocicleta na
madrugada de ontem, na Califórnia, Costa Oeste dos EUA.
Conrad, 69, considerado o mais
bem-humorado dos astronautas
dos projetos Gemini e Apolo, foi
também o que mais tempo passou no espaço entre os da sua geração: um total de 1.179 horas (49
dias) em quatro missões.
Desde o ano passado, quando o
senador John Glenn, aos 77 anos,
voou no ônibus espacial (ele havia
sido o primeiro norte-americano
a orbitar a Terra, em 1962), Conrad dizia esperar se tornar septuagenário para reivindicar o direito de voltar ao espaço.
O bom humor pode ter impedido Conrad de ser um dos sete
"eleitos", escolhidos em 1959 pela
agência espacial dos EUA (Nasa)
para integrar o primeiro time de
astronautas, no projeto Mercury.
Segundo James Schefter, autor
do livro "The Race" (A Corrida),
relato da disputa entre EUA e
União Soviética pela conquista da
Lua, uma brincadeira durante um
dos testes finais o eliminou.
"Se eles não conseguem aturar
uma piada, que se fodam", reagiu
Conrad quando foi informado do
corte. Tenente da Marinha, ele era
um dos nove finalistas.
Mas, em 1962, a Nasa o chamou
para participar do projeto Gemini. Em 1965, ele e Gordon Cooper,
a bordo da Gemini 5, estabeleceram a primeira vitória dos EUA
na corrida espacial: quebraram o
recorde de permanência humana
no espaço (oito dias).
Na Gemini 11, em 1966, com Richard Gordon Jr., ele conseguiu
outro recorde: maior altitude orbital em vôo tripulado (1.360 km).
O momento de maior glória de
sua vida, no entanto, ocorreu em
19 de novembro de 1969, quando,
a bordo do módulo lunar da missão Apolo 12, ele e Alan Bean fizeram um pouso perfeito no exato
local programado, no Oceanus
Procellarum, na Lua.
Ao pisar o solo lunar, Conrad
surpreendeu os telespectadores
que o observavam em todo o
mundo. Em vez do tom solene
que seus antecessores, Neil Armstrong e Edwin Aldrin, haviam dado à chegada à Lua, ele gritou um
juvenil "Uuupiii!".
Em seguida, disse: "Pode ter sido um pequeno passo para Neil,
mas, para mim, é muito longo",
referindo-se à célebre frase de
Armstrong: "É um pequeno passo para um homem, um gigantesco salto para a humanidade".
Conrad comandou a primeira
tripulação (de três pessoas) da
primeira estação espacial norte-americana, a Skylab, em maio e
junho de 1973, durante 28 dias.
No final daquele ano, aposentou-se da Nasa e se reformou na
Marinha. Trabalhou na empresa
de telecomunicações AT&T e na
indústria aeronáutica McDonnel
Douglas até iniciar seu próprio
negócio, na área de comercialização de atividades espaciais.
Conrad estava em férias com a
mulher e amigos na cidade de
Ojai, 100 km ao norte de Los Angeles, na Califórnia, quando saiu
de moto na noite do acidente,
quinta-feira.
Ele foi o terceiro dos 12 homens
que pisaram a Lua a morrer (após
James Irwin, da Apolo 15, e Alan
Sheppard, da Apolo 17). Conrad
deixa três filhos e sete netos.
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