São Paulo, Sábado, 10 de Julho de 1999
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CIÊNCIA
Acidente mata Conrad, o 3º a pisar na Lua

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
da Sucursal de Brasília

O terceiro homem a pisar na Lua, Charles Conrad, morreu vítima de acidente de motocicleta na madrugada de ontem, na Califórnia, Costa Oeste dos EUA.
Conrad, 69, considerado o mais bem-humorado dos astronautas dos projetos Gemini e Apolo, foi também o que mais tempo passou no espaço entre os da sua geração: um total de 1.179 horas (49 dias) em quatro missões.
Desde o ano passado, quando o senador John Glenn, aos 77 anos, voou no ônibus espacial (ele havia sido o primeiro norte-americano a orbitar a Terra, em 1962), Conrad dizia esperar se tornar septuagenário para reivindicar o direito de voltar ao espaço.
O bom humor pode ter impedido Conrad de ser um dos sete "eleitos", escolhidos em 1959 pela agência espacial dos EUA (Nasa) para integrar o primeiro time de astronautas, no projeto Mercury.
Segundo James Schefter, autor do livro "The Race" (A Corrida), relato da disputa entre EUA e União Soviética pela conquista da Lua, uma brincadeira durante um dos testes finais o eliminou.
"Se eles não conseguem aturar uma piada, que se fodam", reagiu Conrad quando foi informado do corte. Tenente da Marinha, ele era um dos nove finalistas.
Mas, em 1962, a Nasa o chamou para participar do projeto Gemini. Em 1965, ele e Gordon Cooper, a bordo da Gemini 5, estabeleceram a primeira vitória dos EUA na corrida espacial: quebraram o recorde de permanência humana no espaço (oito dias).
Na Gemini 11, em 1966, com Richard Gordon Jr., ele conseguiu outro recorde: maior altitude orbital em vôo tripulado (1.360 km).
O momento de maior glória de sua vida, no entanto, ocorreu em 19 de novembro de 1969, quando, a bordo do módulo lunar da missão Apolo 12, ele e Alan Bean fizeram um pouso perfeito no exato local programado, no Oceanus Procellarum, na Lua.
Ao pisar o solo lunar, Conrad surpreendeu os telespectadores que o observavam em todo o mundo. Em vez do tom solene que seus antecessores, Neil Armstrong e Edwin Aldrin, haviam dado à chegada à Lua, ele gritou um juvenil "Uuupiii!".
Em seguida, disse: "Pode ter sido um pequeno passo para Neil, mas, para mim, é muito longo", referindo-se à célebre frase de Armstrong: "É um pequeno passo para um homem, um gigantesco salto para a humanidade".
Conrad comandou a primeira tripulação (de três pessoas) da primeira estação espacial norte-americana, a Skylab, em maio e junho de 1973, durante 28 dias.
No final daquele ano, aposentou-se da Nasa e se reformou na Marinha. Trabalhou na empresa de telecomunicações AT&T e na indústria aeronáutica McDonnel Douglas até iniciar seu próprio negócio, na área de comercialização de atividades espaciais.
Conrad estava em férias com a mulher e amigos na cidade de Ojai, 100 km ao norte de Los Angeles, na Califórnia, quando saiu de moto na noite do acidente, quinta-feira.
Ele foi o terceiro dos 12 homens que pisaram a Lua a morrer (após James Irwin, da Apolo 15, e Alan Sheppard, da Apolo 17). Conrad deixa três filhos e sete netos.


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