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PSICOLOGIA
Rede britânica de TV recria estudo polêmico de Stanford com estudantes
Experiência da prisão é show na BBC
BEN SHOUSE
DA "SCIENCE NOW"
Dois cientistas do Reino Unido
estão se preparando para aproveitar a popularidade dos "reality
shows" na TV e recriar o famoso
experimento da prisão de Stanford, estudo psicológico em que
estudantes fizeram os papéis de
guardas e prisioneiros.
Céticos, incluindo o pesquisador que elaborou o estudo de
1971, temem que se repitam os
abusos que arrasaram a pesquisa
original. Mas seus defensores dizem que o show oferece excelente
oportunidade para investigar a
psicologia do racismo, da opressão e do terrorismo.
O experimento na Universidade
Stanford (Califórnia, Estados
Unidos), conduzido pelo psicólogo Philip Zimbardo, tinha por objetivo sequestrar "prisioneiros" e
"guardas" voluntários por duas
semanas no porão do prédio do
curso de psicologia. No entanto,
quando os guardas já se tornavam
brutais com os detentos, o experimento foi interrompido -seis
dias depois de iniciado.
Cientistas no controle
Embora o estudo tenha demonstrado a influência do contexto social no comportamento
individual, seu resultado perturbador impediu outros testes comparáveis. Agora, Stephen Reicher,
da Universidade de St. Andrews, e
Alex Haslam, da Universidade de
Exeter (ambas no Reino Unido),
aceitaram uma oferta para reviver
o estudo para a televisão.
Ciente da enorme popularidade
de programas que põem pessoas
em contextos sociais distorcidos,
a rede britânica BBC planeja
transmitir o experimento -com
cientistas, e não produtores, no
controle. Haverá um cenário similar ao de Zimbardo, mas com
uma atmosfera menos opressiva e
salvaguardas, como observadores
independentes e regras rígidas de
comportamento.
Reicher e Haslam dizem que essa é uma chance única para testar
a "teoria da identidade social", segundo a qual a identidade de grupo pode sobrepujar a personalidade individual na conformação
do comportamento. Também poderia explicar como a pressão do
grupo pode levar ao racismo e ao
terrorismo.
Zimbardo e outros críticos manifestaram a preocupação de que
o entretenimento possa acabar
pesando mais do que a segurança.
"Não há a menor dúvida para
mim de que a BBC e seus consultores estão esperando que algo de
dramático ocorra, para tornar tudo mais excitante aos espectadores", afirma Zimbardo.
Dominic Abrams, um psicólogo
da Universidade de Kent (Reino
Unido), no entanto, acha que o
show deve continuar. "É raro que
alguém tenha a oportunidade de
simular uma situação poderosa
[como essa"", afirma. Estudos
desse porte podem custar centenas de milhares de dólares, ele diz,
e emissoras de TV podem representar, de agora em diante, a única fonte de financiamento.
O início da filmagem está marcado para antes do final do ano.
Na internet
O experimento da prisão, como
ficou conhecido o estudo feito na
Universidade Stanford, é descrito
na página de Philip Zimbardo na
internet (www.zimbardo.com/prison.htm). Além da crescente e
inesperada agressividade dos
"guardas", houve tentativas de rebelião dos "detentos".
Colaborou a Redação
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