São Paulo, sábado, 10 de novembro de 2001

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

TECNOLOGIA

Químicos dos EUA transformam microcristal de silício em transistor

Nanofio acelera supercomputação

KENNETH CHANG
DO "THE NEW YORK TIMES"

Na corrida para fazer chips de computador cada vez menores e mais rápidos, cientistas da Universidade Harvard, nos EUA, produziram bastões minúsculos de silício e outros semicondutores e em seguida fatiaram-nos para formar circuitos que realizam operações lógicas básicas.
Comparados a outras técnicas concorrentes, os bastonetes semicondutores, ou nanofios, são mais fáceis de fazer e manipular. Podem ser também mais fáceis de miniaturizar até o tamanho necessário para chips super-rápidos. "Eles têm um monte de vantagens, porque podemos controlar suas propriedades muito bem", disse Charles Lieber, professor de química em Harvard que conduziu a pesquisa.
Lieber afirmou que os nanofios poderiam, também, ser "sensores inacreditavelmente bons" para proteínas, DNA e outras moléculas biológicas. Entre outras coisas, isso poderia ajudar no desenvolvimento de aparelhos que detectem patógenos como o antraz.
As descobertas foram relatadas na última edição da revista científica norte-americana "Science" (www.sciencemag.org).

O limite do aperto
Durante muitas décadas, a tecnologia para esculpir circuitos no silício tem sido aprimorada para acomodar mais transistores nos chips. Em 10 ou 15 anos, espera-se atingir limites físicos que interrompam esse progresso.
Cientistas em muitas empresas e universidades têm explorado possíveis sucessores para o silício, incluindo moléculas desenhadas sob encomenda e cilindros de carbono chamados nanotubos.
Lieber e seus colegas continuam mexendo com o silício. Mas, em vez de esculpi-lo, eles o construíram a partir de átomos individuais. Usando uma gota de solvente saturada com silício ou outro semicondutor, como o nitreto de gálio, eles produzem cristais cilíndricos perfeitos, com menos de um milionésimo de polegada de diâmetro e milésimos de polegada de comprimento.
Quando a solução contendo os nanofios é despejada sobre uma pastilha de óxido de silício, um produto químico na pastilha direciona os fios para o lugar certo.
Cada ponto em que um nanofio se cruza com outro age como um transistor, não muito diferente das dezenas de milhões de transistores num chip comum -apenas muito menores.
Transistores são, essencialmente, chaves acionadas eletricamente, que permitem a passagem da corrente de elétrons ou não. Esse abre-e-fecha define os "zeros" e "uns" da linguagem binária da computação.
Os pesquisadores mostraram que transistores de nanofios podem ser conectados para executar todas as operações lógicas básicas necessárias ao funcionamento de um computador. Para construir circuitos densos, os cientistas aproximariam os nanofios. "Voilà", disse Lieber. "Você tem 1 bilhão de transistores."
Chips comerciais que usem nanofios estão provavelmente a uma década de surgir. Lieber disse que em um ano ou dois os transistores poderiam ser usados como sensores biológicos, adicionando a eles sítios para moléculas específicas -uma proteína do antraz, por exemplo. Uma vez que o DNA e as proteínas possuem carga elétrica, eles acionariam os transistores, disparando o alerta.


Texto Anterior: Psicologia: Experiência da prisão é show na BBC
Próximo Texto: Panorâmica - Arqueologia: Indianos acham estátuas antigas de imperador
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.