São Paulo, quinta, 10 de dezembro de 1998

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CIÊNCIA
Esqueleto de ancestral humano da África do Sul é 300 mil anos mais antigo que "Lucy", encontrada em 1974
Achada ossada mais antiga de hominídeo

partes do esqueleto de ancestral humano da Reportagem Local

O esqueleto mais antigo de um ancestral humano, com cerca de 3,5 milhões de anos, foi descoberto em Sterkfontein, na África do Sul, segundo estudo publicado ontem na revista "South African Journal of Science".
O achado é um Australopithecus, um gênero de ancestral do homem com características próximas às dos macacos. Com 1,22 m de altura, ele é considerado um dos "elos perdidos" entre os dois primatas.
"Estamos chegando perto do ponto em que o homem e o macaco seguiram caminhos diferentes, talvez há 5 milhões ou 7 milhões de anos", disse à agência de notícias "Reuters" o paleoantropólogo sul-africano Phillip Tobias, da Universidade de Witwatersrand.
A espécie de Australopithecus a que o fóssil pertence e seu sexo ainda não foram definidos, segundo Tobias.
Foram encontrados os ossos dos pés, crânio, maxilares inferior e superior, braço e perna. A maior parte deles ainda está incrustada em pedras. Calcula-se que a retirada dos ossos deva levar um ano.
O esqueleto mais antigo encontrado antes era o de "Lucy", uma fêmea de Australopithecus afarensis com 3,2 milhões de anos, encontrada na região de Afar, na Etiópia, em 1974.
"Lucy tinha apenas 40% do esqueleto completo. Pelo que foi divulgado, esse encontrado por Tobias deve ter bem mais", diz Walter Neves, do Instituto de Biociência da Universidade de São Paulo.
Segundo Neves, o fóssil anunciado ontem tem grande importância pela localização e pelo estado de conservação em que se encontra.
"Um dos dramas da paleoantropologia (ciência que estuda as origens do homem) é não encontrar os ossos que pertencem a cada espécime, principalmente o crânio."
"Um esqueleto quase completo como esse pode ajudar a conhecer melhor como essa espécie se comportava e quais eram seus hábitos alimentares", disse Neves.
Já foram encontrados na África fragmentos mais antigos de ancestrais humanos, como o Australopithecus anamensis (4,07 milhões a 4,12 milhões de anos) e o Ardipithecus ramidus (4,4 milhões de anos).
Do Australopithecus anamensis foram achados no Quênia, em 1995, fragmentos de crânio, braço e mandíbula. Do Ardipithecus ramidus foram achados na Etiópia, em 1994, fragmentos de crânio e membros de 17 indivíduos.



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