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São Paulo, sábado, 11 de outubro de 2003

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PROGRAMA ESPACIAL

Ministro da Defesa anuncia troca de propulsor em sucessores do foguete cujo incêndio matou 21 pessoas

Viegas diz que VLS terá combustível líquido

ELIANE MENDONÇA
ENVIADA ESPECIAL A BRASÍLIA

O combustível sólido do VLS-1 (Veículo Lançador de Satélites) será substituído por combustível líquido. A informação foi divulgada ontem pelo ministro da Defesa, José Viegas, após encontro com o ministro da Defesa da Rússia, Serguei Ivanov.
Segundo Viegas, a Rússia tem grande experiência nesse tipo de combustível. A construção de lançadores de satélites com combustível líquido é um dos projetos contemplados no acordo de cooperação firmado.
"Naturalmente que o acidente ocorrido em agosto, na base de Alcântara (MA), que deixou 21 mortos, nos obriga a um estudo mais minucioso para o desenvolvimento tecnológico do Programa Espacial Brasileiro", disse o ministro, sem informar prazos para a mudança.
Segundo Viegas, mesmo antes do acidente já estavam em andamento estudos para o desenvolvimento da fase 2 do programa. "O acidente ocorreu com o VLS-1. Mas teremos o VLS-2, o VLS-3 e outros depois desses. E os componentes tecnológicos desses próximos foguetes ainda estão em fase de estudos, o que inclui o tipo de combustível utilizado."
O acidente com o terceiro protótipo do VLS-1 teria sido provocado por uma descarga elétrica de origem ainda desconhecida, segundo o primeiro parecer divulgado pela comissão que investiga as causas do acidente. A alta temperatura, que chegou a 3.000C, foi um agravante para as proporções do acidente. Nenhum funcionário que trabalhava no foguete naquele momento sobreviveu.
O incêndio, que teve início em um dos quatro motores ("A") do primeiro estágio do foguete, não pôde ser controlado porque o VLS-1 estava carregado com 41 toneladas de combustível sólido, uma espécie de "pólvora" de alta tecnologia que contém perclorato de amônia, alumínio em pó e polibutadieno.
O combustível sólido, que era considerado inerte por não explodir sem que fosse acionado, revelou-se perigoso, já que o incêndio só acabou quando todo o combustível foi consumido.


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