|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
POLÍTICA CIENTÍFICA
Troca de estações meteorológicas não seria tarefa trivial
MCT quer viabilizar peças nacionais
SALVADOR NOGUEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
As 80 Plataformas de Coleta de
Dados (PCDs) adquiridas pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) em abril foram importadas com recursos dos fundos setoriais. Mas o MCT (Ministério da Ciência e Tecnologia)
quer investir em projetos para
permitir que no futuro a indústria
nacional assuma o seu papel no
fornecimento dessas peças.
Segundo o secretário-executivo
do ministério, Carlos Américo
Pacheco, as discussões a respeito
da substituição das importações
já estavam caminhando, muito
antes de a carta de protesto da
Aiab (Associação das Indústrias
Aeroespaciais do Brasil) ser enviada ao Inpe e ao MCT, conforme a Folha relatou ontem.
"Nós temos há algum tempo
discutido com o Inpe a realização
de estudos, com recursos do Fundo Verde-Amarelo, para nacionalizar as PCDs", diz. "Mas não é trivial fazer essas substituições."
O conteúdo da carta da Aiab
não preocupou o ministério. "A
carta é meio extemporânea", diz
Pacheco. "E, se fosse o caso de fazer carta, seria melhor falar das
plataformas do Sivam [Sistema de
Vigilância da Amazônia]."
Isso porque elas são muito mais
numerosas que as usadas pelo Inpe. "A maioria das cerca de 600
plataformas espalhadas pelo Brasil estão nas mãos do Sivam e da
Agência Nacional de Águas", diz.
Por isso não é simples fazer a troca. "Seria preciso sentar com esses
grupos e estabelecer um padrão,
que viabilizasse a indústria."
Impasse espacial
Um projeto que caminha numa
espiral descendente é o da ISS (Estação Espacial Internacional). Depois que o Brasil anunciou a impossibilidade de fabricar o Express Pallet, principal contribuição do país à estação, o governo
tem rediscutido com a Nasa
(agência espacial dos EUA) o alcance da participação nacional.
Com o clima de impasse, alguns
engenheiros e técnicos do Inpe (o
executor do projeto no Brasil) que
estavam originalmente escalados
para trabalhar na estação acabaram ociosos e foram transferidos
para outras funções no instituto.
Segundo Leonel Perondi, coordenador-geral de engenharia e
tecnologia espacial e diretor-substituto do Inpe, a situação não
pode ser vista como um sinal de
descaso. "Esse pessoal que estava
alocado ficou parado e acabou
aproveitado em outros projetos.
Mas não se pode dizer que houve
um esvaziamento da equipe."
Texto Anterior: Clima: BNDES tenta lançar mercado de carbono Próximo Texto: Caldeiras alienígenas Índice
|