São Paulo, quarta-feira, 11 de dezembro de 2002

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POLÍTICA CIENTÍFICA

Troca de estações meteorológicas não seria tarefa trivial

MCT quer viabilizar peças nacionais

SALVADOR NOGUEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

As 80 Plataformas de Coleta de Dados (PCDs) adquiridas pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) em abril foram importadas com recursos dos fundos setoriais. Mas o MCT (Ministério da Ciência e Tecnologia) quer investir em projetos para permitir que no futuro a indústria nacional assuma o seu papel no fornecimento dessas peças.
Segundo o secretário-executivo do ministério, Carlos Américo Pacheco, as discussões a respeito da substituição das importações já estavam caminhando, muito antes de a carta de protesto da Aiab (Associação das Indústrias Aeroespaciais do Brasil) ser enviada ao Inpe e ao MCT, conforme a Folha relatou ontem.
"Nós temos há algum tempo discutido com o Inpe a realização de estudos, com recursos do Fundo Verde-Amarelo, para nacionalizar as PCDs", diz. "Mas não é trivial fazer essas substituições."
O conteúdo da carta da Aiab não preocupou o ministério. "A carta é meio extemporânea", diz Pacheco. "E, se fosse o caso de fazer carta, seria melhor falar das plataformas do Sivam [Sistema de Vigilância da Amazônia]."
Isso porque elas são muito mais numerosas que as usadas pelo Inpe. "A maioria das cerca de 600 plataformas espalhadas pelo Brasil estão nas mãos do Sivam e da Agência Nacional de Águas", diz. Por isso não é simples fazer a troca. "Seria preciso sentar com esses grupos e estabelecer um padrão, que viabilizasse a indústria."

Impasse espacial
Um projeto que caminha numa espiral descendente é o da ISS (Estação Espacial Internacional). Depois que o Brasil anunciou a impossibilidade de fabricar o Express Pallet, principal contribuição do país à estação, o governo tem rediscutido com a Nasa (agência espacial dos EUA) o alcance da participação nacional.
Com o clima de impasse, alguns engenheiros e técnicos do Inpe (o executor do projeto no Brasil) que estavam originalmente escalados para trabalhar na estação acabaram ociosos e foram transferidos para outras funções no instituto.
Segundo Leonel Perondi, coordenador-geral de engenharia e tecnologia espacial e diretor-substituto do Inpe, a situação não pode ser vista como um sinal de descaso. "Esse pessoal que estava alocado ficou parado e acabou aproveitado em outros projetos. Mas não se pode dizer que houve um esvaziamento da equipe."


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