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MEDICINA
Vírus da hepatite G teria mesmo alvo que o da Aids
Competição de outros invasores freia ação do HIV no organismo
BEN SHOUSE
DA "SCIENCE NOW"
Um vírus de hepatite pode ajudar a combater o HIV, segundo
dois artigos publicados na revista
"The New England Journal of Medicine" (www.nejm.org).
Pacientes infectados com o HIV
e com o aparentemente inofensivo vírus da hepatite G (conhecido
tecnicamente como GBV-C) têm
sobrevida maior do que os infectados apenas com o HIV. Isso levanta a possibilidade de que os
dois vírus sejam competidores
por células a infectar. Ninguém
pretende inocular pessoas com o
GBV-C, mas os estudos podem
ajudar a descobrir novas terapias.
A primeira pista de que o GBV-C poderia reprimir o HIV surgiu
há três anos. Segundo os trabalhos, pacientes HIV-positivos
portadores também do GBV-C
tendiam a viver mais e a ter menos cópias do HIV no sangue do
que pacientes livres do GBV-C.
Os dois novos estudos na
"NEJM" acrescentam vigor estatístico à conexão entre HIV e
GBV-C. E reforçam a idéia intrigante de que outros patógenos
possam esclarecer o HIV.
No primeiro deles, Hans Tillmann, Michael Manns e colaboradores da Escola Médica de Hannover (Alemanha) verificaram
que 33 pacientes com infecção ativa por GBV-C tinham uma carga
viral 15% mais baixa.
Outros 112 pacientes que tinham anticorpos para o GBV-C,
mas não uma infecção ativa, estavam em situação ligeiramente
melhor que pacientes jamais infectados. A diferença persistia
mesmo em pacientes sob terapia
anti-retroviral (coquetel), o que
sugere que o efeito do GBV-C pode somar-se às terapias atuais.
O outro estudo, de Jinhua
Xiang, da Universidade de Iowa
(EUA), descobriu que acrescentar
o GBV-C a células de defesa infectadas com HIV reduz os níveis do
antígeno p24, indicador da infecção pelo vírus da Aids.
"O HIV e o GBV-C, de algum
modo, utilizam sítios [das células]
e mecanismos similares para a replicação", especula Manns. Isso
quer dizer, segundo ele, que talvez
não consigam reproduzir-se nas
mesmas células simultaneamente. Descobrir como isso ocorre seria um passo crucial para criar novas drogas contra o HIV.
Antes que alguma terapia possa
ser derivada, é preciso encontrar
o mecanismo por trás da descoberta. Steven Wolinsky, especialista em doenças infecciosas da
Escola Médica da Universidade
Northwestern, em Chicago
(EUA), alerta que nenhum dos estudos provou que o GBV-C seja a
causa da supressão do HIV.
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